DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

29/04/2009

"Cogito" - Torquato Neto

eu sou como eu sou
cogito
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhando indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim

Torquato Neto (Torquato Pereira de Araújo Neto), nasceu em Teresina(PI), em 1944 e suicidou-se em 1972 foto: wordpress

"Escuta meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco. É estar sempre a perigo, sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores. É destruir a linguagem e explodir com ela (...)


Quem não se arrisca não pode berrar."

27/04/2009

Nebulosa "cabeça de cavalo"
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.

Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível,

com ele se entretém e se julga intangível.


Eu sei que a humanidade é mais gente do que eu.

Sei que o mundo é maior do que o bairro onde habito,

que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,

não pesa num total que tende para o infinito.


Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida

ignoram todo o homem, dissolvem-no, e,

contudo, resta insignificância, gratuita e desvalida.

Universo sou eu, com nebulosas e tudo.



"Amostra sem valor" - Antonio Gedeão, (Rômulo de Carvalho, poeta português - 1906-1997)

24/04/2009

Emily Dickinson - Massachussets (1830-1886)


Loucura é razão sublime para um olho perspicaz.

Muito juízo é pura e simplesmente loucura.

A opinião da maioria nisto, e em tudo prevalece.

Se concordas és sensato.

Discordando - és perigoso

e acorrentado no ato.
Vincent Van Gogh
Eu me escondí em minha flor que em teu peito desfalecia. Sem o saber me consumias - e o mais, só os anjos o dirão. Eu me escondí em minha flor que em tua jarra fenecia. Sem perceber por mim sentias uma quase solidão. Orquídea do Vietnam

23/04/2009

Camille Claudel


De família burguesa, vivendo nos arredores de Paris (Villeneuve-sur-Frères), ainda criança Camille já demonstrava seu talento para esculpir produzindo esculturas de ossos e esqueletos. Recebeu total apoio do pai para desenvolver seu potencial, a contragosto da mãe. Recebeu aulas do famoso escultor da época Alfred Boucher, na Académie Colarossi, uma das poucas academias que aceitava mulheres como alunas. Em 1883 Boucher mudou-se para a Itália e Auguste Rodin(outro escultor também muito respeitado), passou a acompanhar os trabalhos das alunas. O talento da aluna Camille despertou em Rodin tanto encantamento, que seus encontros tornaram-se cada vez mais frequentes, levando-os a um relacionamento amoroso que durou quinze anos. O professor tinha então 43 anos e a aluna apenas 19 anos. Nesse período, Camille era também sua assistente e é considerado o período mais produtivo do escultor, em detrimento de sua aluna, que pouco conseguia produzir, pois confundia-se como aluna, modelo, assistente e amante. Camille esculpiu o busto de Rodin como um homem rude e forte, enquanto ele poucas vezes a esculpiu. Sua obra mais famosa, " La Valse" (1892), marca o coroamento de sua relação com Rodin e de seu trabalho como escultora. Seu romance com Rodin terminou em 1898, e, mesmo continuando seu trabalho como escultora, começam a surgir dificuldades emocionais e financeiras. Camille começa a apresentar distúrbios mentais e a destruir grande parte de suas obras, tendo que ser internada em hospital psiquiátrico em 1906. Durante todo o período em que esteve internada,(cerca de 30 anos), jamais recebeu uma visita de sua mãe. Faleceu em 1943 em Villeneuve-les Avignon, num hospital psiquiátrico, nos arredores de Paris."La Valse"


"L'Âge Mur" ( "A idade madura")

15/04/2009

O cravo ficou doente, a rosa foi visitar.
O cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar !

O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma escada.

O cravo saiu ferido e a rosa despedaçada...

13/04/2009

ANIVERSÁRIO DE FORTALEZA ! PARABÉNS !!

Egoísmo
Sem ver as grande cegueira de sua própria pessoa,
vive o homem sempre às carreiras atrás de uma coisa boa.
Quando a coisa boa alcança ele ainda não discansa, sente
um desejo maior, esquece aquela ventura e corre logo
à procura de outra coisa bem melhor. Se a segunda ele alcança, aumenta mais a cegueira, fica sem se conformar correndo atrás da terceira, vem a quarta,
a quinta, a sexta e ele sendo o mesmo besta correndo atrás da ventura,
assim esta vida passa. Assim o desgraçado fracassa no fundo da sepultura.
Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva - 1909-2002)

Av. Santos Dumont, uma das principais vias da cidade

Teatro José de Alencar





P O E M A




O melhor poema que escreví não cabe em letra de forma e não pode ser declamado nas academias e saraus literários.
O melhor poema que escreví pode ser lido por analfabetos.
O melhor poema que escreví tem sangue, tem carne, tem ossos, tem nervos.
O melhor poema que escreví é um mistério biológico, tem vida e emoções.
O melhor poema que escreví anda pelas ruas e brinca no jardim.

Extraído do livro de poemas "B I S S E X T O S ", de Luís Teixeira Neto, que além de poeta é médico e o precursor da Homeopatia no Estado do Ceará. Nasceu na cidade de Cedro, interior do Ceará.





Rio Cócó


Parque do Cócó, margeado pelo rio que leva o mesmo nome, local cheio de trilhas, frequentado por pessoas que praticam caminhadas.







Estátua de Iracema, índia considerada "a virgem dos lábios de mel", pelo escritor fortalezense José de Alencar(1829-1877), na lagoa de Messejana, região metropolitana de Fortaleza.









Praia do Meireles








Vista lateral do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, que abriga museus, teatro, salas de cinema, exposições de artes plásticas de autores locais, nacionais e internacionais









Antigo Farol do Mucuripe










Praia do Mucuripe











Av. Beira Mar , em 1980












O atual Passeio Público, à sombra de árvore centenária, o baobá













Passeio Público em 1919, no auge da influência europeia, quando a eleite da cidade vestia suas melhores roupas "à moda francesa


















Fortim de São Sebastião (16l3), fundado pelo português Martim Soares Moreno.
Entre 1637 e 1649 a cidade foi tomada por holandeses, que então construíram o
Forte Schoonerborch, criando então uma controvérsia sobre a data verdadeira da fundação da cidade. Após a retirada dos holandeses em 1654, a cidade foi rebatizada com o nome de Forte de Nossa Senhora da Assunção, passando a festejar a data de sua fundação no dia 13 de abril.


















Mapa antigo da Vila de Fortaleza

12/04/2009

"HAMLET E MACBETH NASCERAN EM MURIAÉ"








Em Muriaé nasceram dois personagens ilustres, homônimos da obra de William Shakespeare, recriados pelo escritor mineiro Remo Mannarino (suspeito que ele também tenha nascido lá) em seu livro de contos " Hamlet e Macbeth nasceram em Muriaé". Remo também é autor do romance "O Homem Horizontal" e do blog que tem o mesmo nome, o qual tenho o prazer e a honra de acompanhar.


Com a palavra, quero dizer, com a pena, o Autor:
"Era véspera do grande dia, e João Palestino se preparava para dormir. O hotel, era só olhar os móveis do quarto, tinha lá sua classe, uma certa aristocracia que já não cabia naquele trecho envelhecido da velha Ipiranga, por cujas calçadas não se atrevera a caminhar. Tinha trazido um livro, A Correspondência de Fradique Mendes , de Eça de Queiroz, o encanto do estilo original, a ironia transbordando de cada frase e o anátema impiedoso das farsas que se constroem em nome dos costumes e do progresso.
Lia, porém, sem nenhuma atenção, pois estava preocupado com os eventos da manhã seguinte.
O Isidoro Tibiriçá, que toma dinheiro de todo mundo, iria dar-lhe um milhão de dólares? Nenhuma chance. Como se apresentaria no programa? Como professor de matemática ou como vigia? Melhor apresentar-se como vigia, pois o vexame haveria de ser menor, e as perguntas, quem sabe, mais fáceis. Era, na verdade, professor de matemática, uma profissão que chegou a exercer por acaso e da qual se considerava demitido para sempre. Por acaso, sim. Quando os postulantes se apresentaram para o examae, o diretor Vicente Severo, que era cheio de peripécias e artimanhas, propôs a questão absurda:
- A vaga de professor de matemática será do candidato que melhor explicar a contribuição de Soares Bastos para a correta flexão do infinitivo pessoal na língua portuguesa.
[.]
[.]

Não há Paris, Nova York, Amsterdã ou Florença que, juntas ou separadas, se equiparem minimamente a Muriaé. Tal foi a conclusão do milionário, que, por estar assim decidido, renunciou definitivamente aos hotéis de 200 dólares e investiu toda a sua fortuna na aquisição e reforma do Colégio de Muriaé, cuja propriedade dividiu com Carlos Silvestre, pois, antes da sorte grande, tivera a sorte ainda maior de conhecer o amigo certo das horas incertas. João Palestino, versado em latim, gostava de usar diretamente as palavras que Cícero atribuiu a Ênio:


- Amicus certus in re incerta cernitur.


A direção do estabelecimento foi confiada aos irmãos Hamlet e Macbeth, filhos do meritíssimo juiz de direito..."





Do alto do Corcovado podemos, quem sabe, vislumbrar ao longe, a serra do Brigadeiro, na Zona da mata Mineira, onde está situada a cidade de Muriaé, banhada pelo rio que tem o mesmo nome. Pois é, no entroncamento das BR 116 e BR 393, divisa entre os Estados do Rio de janeiro e Espírito Santo, sim senhores (as), Muriaé, que na lígua dos índios Puris (seus primeiros habitantes), significa "sabor de cana doce", teve sua colonização iniciada através do comércio entre brancos e índios. Em 1865 a comarca de São Paulo de Muriaé foi elevada à categoria de cidade, mas somente em 1923 passou a ser chamada apenas de Muriaé.
Os cafezais de outrora, com seus ricos fazendeiros, deram lugar, hoje, para emergente indústria da confecção, que abastece uma grande parte do mercado nacional. A região
é permeada de lindas trilhas ecológicas, contendo ainda um pouco do que resta da Mata Atlântica, cheia de riachos, cachoeiras e quedas d'água.




11/04/2009

O Cônego e a metafísica do estilo


[.]

Upa ! Cá estamos. Custou-te, não, leitor amigo? É para que não acredites nas pessoas

que vão ao Corcovado, e dizem que ali a impressão da altura é tal, que o homem fica sendo coisa nenhuma. Opinião pânica e falsa como Judas e outros diamantes. Não creias tu nisso, leitor amado. Nem Corcovados, nem Himalaias valem muita coisa ao pé da tua cabeça, que os mede. Cá estamos. Olha bem que é a cabeça do cônego. Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha, que, ainda assim, não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual...

- Sexual ?

Sim, minha senhora, sexual. As palavras têm sexo. Estou acabando a minha grande memória psico-léxico-lógica, em que exponho e demonstro esta descoberta. Palavra tem sexo.

- Mas, então, amam-se umas às outras ?

Amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo. Senhora minha, confesse que não entendeu nada.

- Confesso que não.

Pois entre aqui também na cabeça do cônego. Estão justamente a suspirar deste lado. Sabe quem é que suspira? É o substantivo de há pouco, o tal que o cônego escreveu no papel, quando suspendeu a pena.



Joaquim Maria Machado de Assis ( Contos, Vol. 1)

10/04/2009

Bragança, Portugal







Pátria

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite de sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até a medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiras e sevandijas, capazes de toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverossímeis no Limoeiro.[.]
Abílio Manuel Guerra Junqueiro, nasceu em Freixo de Espada à Cinta (Distrito de Bragança, norte de Portugal) em 1850. Formado em Direito, foi jornalista, escritor e poeta panfletário e caricaturista, sendo considerado o mais popular de sua época.Sofreu forte influência literária de Charles Baudelaire, Proudhon, Víctor Hugo e Michelet. Foi também deputado, aderindo aos ideais republicanos. Sua poesia deu uma grande contribuição para que se instalasse um clima revolucionário, que culminou com a implantação da República. Faleceu em 1923.

09/04/2009

- A Imagem Perdida -


Como essas coisas que não valem nada

e parecem guardadas sem motivo

(alguma folha seca...uma taça quebrada)

eu só tenho um valor estimativo


Nos olhos que me querem é que eu vivo

esta existência efêmera e encantada...

Um dia hão de extinguir-se e, então, mais nada

refletirá meu vulto vago e esquivo...


E cerraram-se os olhos das amadas,

o meu nome fugiu de seus lábios vermelhos,

nunca mais, de um amigo o caloroso abraço...


E, no entretanto, em meio desta longa viagem,

muitas vezes parei...e, nos espelhos,

procuro em vão, minha perdida imagem !




Mário Quintana (1906-1994)

06/04/2009

CHAPADA DIAMANTINA


A ocupação das cidades e vilas da Chapada ocorreu a partir da exploração do
diamante. Antes disso era habitada pelos índios Maracás. A partir de 1710,
quando foi descoberta a exitência de ouro no sul da Chapada e a consequente
chegada de bandeirantes, teve início a colonização da região.



"Garrafa do Náufrago"
Até o prazer dói. Dói como fruto que desponta
na ponta do galho, caju indeciso, esse fruto
- o que está para vir - precisa de sol, minérios
e da roleta de chuvas e brisas. Precisa do que
não está na língua dos profetas para se tornar
doce caju sem travo, a essência da fruta.
O amor dói, dói e requer energia, confluência
de sóis, anzóis atados ao cordão da melancolia.
Anzóis que carecem fisgar a essência do ouro,
e ser - apenas ser - dói.
Dói porque tudo é incerto e impreciso,
nenhuma certeza tem rosto de pedra.
Depois de sábado quem garante
um infalível domingo?
Carlos Machado, poeta baiano







O pássaro é cego
e cego é quem se agita
em seu espaço ambíguo
esse espaço de incessante tarde nua
onde o voo risca um traço branco
de vidro no vidro
Carlos Machado







A Chapada Diamantina está localizada numa região onde predominam as serras,
no centro do Estado da Bahia, a 425kms da capital, Salvador, por onde passam
os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do rio de Contas. Suas rochas constituem o grupo geológico Espinhaço, assim chamado por estar situado na serra
do Espinhaço, que se estende entre os Estados da Bahia e Minas Gerais.










Serra do Espinhaço
Alma, pássaro solitário,
como é difícil abranger-te!
Nem sei como defender-te,
incomensurável que és!
Dantas Mota, José Franklin Massena de - poeta nascido em Aiuruoca (sul de Minas Gerais. - 1913-1974.

03/04/2009

POEMA(S) DA CABRA
A cabra é negra. Mas seu negro
não é o negro do ébano douto
(que é quase azul) ou o negro rico
do jacarandá (mais bem roxo).
O negro da cabra é o negro
do preto, do pobre, do pouco.
Negro da poeira, que é cinzento.
Negro da ferrugem, que é fosco.
A cabra é o melhor instrumento
de verrumar a terra magra.
Por dentro da serra e da seca
nada chega onde chega a cabra.
A cabra é trancada por dentro.
Condenada à caatinga seca.
Liberta, no vasto sem nada,
proibida, na verdura estreita. O
núcleo da cabra é visível
debaixo do homem do Nordeste.
Da cabra lhe vem o escarpado
e o estofo nervudo que o enche.
A cabra deu ao nordestino
esse esqueleto mais de dentro:
o aço do osso, que resiste
quando o osso perde o seu cimento.
João Cabral de Melo Neto - 1920-1999

02/04/2009


Em meu princípio está meu fim. Umas após outras,
as casas se levantam e tombam, desmoronam,
são ampliadas, removidas, destruídas, restauradas,
ou em seu lugar irrompe um campo aberto,
uma usina, um atalho.
Velhas pedras para novas construções, velhos lenhos
para novas chamas,
velhas chamas em cinzas convertidas,
e cinzas sobre a terra semeadas,
Terra agora feito carne, pele e fezes,
ossos de homens e bestas, trigais e folhas.
As casas vivem e morrem:
há um tempo para construir
e um tempo para viver e conceber
e um tempo para o vento
estilhaçar as trêmulas vidraças
e sacudir as tapeçarias em farrapos tecidas
com a silente legenda.
Em meu princípio está o meu fim.
Agora a luz declina sobre o campo aberto,
abandonando a recôndita vereda
cerrada pelos ramos, sombra na tarde.
Ali, onde te encolhes junto ao barranco
enquanto passa um caminhão,
e a recôndita vereda insiste rumo à aldeia,
ao aquecimento elétrico hipnotizada.
Na tépida neblina, a luz abafada é absorvida,
irrefratada pela rocha grisalha.
As dálias dormem no silêncio vazio.
Aguarda a coruja prematura.
T. S. Eliot ( Thomas Stearns Eliot) - St. Louis, Missouri, Estados Unidos
- 1888-1965.

01/04/2009

LEMBRAR, para NÃO REPETIR !

Paris, maio de 1968



Manifestação estudantil em Belo Horizonte(MG), 1968



Estudante baleado p/polícia durante manifestação-S.Paulo, 1968 Caminhando e cantando e seguindo a canção,

somos todos iguais, braços dados ou não,

nas escolas, nas ruas, campos, construções.

Pelos campos há fome em grandes plantações,

pelas ruas marchando indecisos cordões,

ainda fazem da flor seu mais forte refrão,

e acreditam nas flores, vencendo o canhão.

Há soldados armados, amados ou não,

quase todos perdidos de arma na mão.

Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:

de morrer pela pátria e viver sem razão.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções,

somos todos soldados, armados ou não,

caminhando e cantando e seguindo a canção,

SOMOS TODOS IGUAIS, braços dados ou não...

Vem, vamos embora, que esperar não é saber.

Quem sabe faz a hora, NÃO ESPERA ACONTECER !
Geraldo Vandré, compositor, nascido em João Pessoa(PB)
em 1935.