DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

30/12/2010

A casa do tempo perdido




Batí no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Batí segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.


Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.


O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.




Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. Ci,
    Esta coisa dos finais de ano vale o que vale. Já escrevia Vergílio Ferreira que "o tempo que passa não passa depressa; o que passa depressa é o tempo que passou". De qualquer modo, num sucinto balanço ao ano, a descoberta do CIRANDEIRA foi um momento muito agradável.
    Dito isto, deixa-me desejar que em 2011 a vida seja generosa e te proporcione as mais preciosas colheitas!

    Beijo :)

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  2. É isso mesmo, Agostinho, todos os anos é a mesma coisa: o leito do rio pode até estar
    no mesmo lugar, mas as águas continuam a correr
    para o mar em constante renovação. Tudo passa,
    à revelia de nossos quereres, de nossos sonhos.
    Não fosse essa enxurrada de manifestações e "comemorações", para mim passaria batido, como um dia qualquer...!
    Obrigada pelo "momento agradável" e o desejo de
    "preciosas colheitas"! Te desejo o mesmo!

    beijo :)

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