DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

28/02/2011

L'obscurité des eaux


Escucho resonar el agua que cae en mi sueño.

Las palabras caen como el agua yo caigo.

Dibujo en mis ojos, nado en mis aguas,

me digo mis silencios. Toda la noche

espero que mi lenguaje logre configurarme.

Y pienso en el viento que viene a mi,

permanece en mi. Toda la noche he caminado

bajo la lluvia desconocida. A mi me han dado

un silencio pleno de formas y visiones (dices).

Y corres desolada

como el único pájaro en el viento.


Alejandra Pizarnic, Buenos Aires (1936-1972)


*****
A obscuridade das águas


Escuto o ressonar da água
que cai em meu sonho.
As palavras caem como a água
eu caio. Desenho em meus olhos
nado em minhas águas, digo-me meus silêncios.
Toda noite espero que minha linguagem me configure.
E penso que o vento que chega a mim
permanece em mim. Caminhei toda a noite
sob a chuva desconhecida.
A mim deram um silêncio cheio
de formas e visões (dizes).
E corres desolada como o único pássaro ao vento.


Tradução livre

27/02/2011

Que farás tu, meu Deus?


Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho,
comigo perdes tu o teu sentido.

Depois de mim não terás um lugar
onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
as sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teus olhar, que em minhas pálpebras
como um travesseiro
ardentemente recebo,
virá me procurar por largo tempo
e se deitará na hora do crepúsculo,
no duro chão de poeira.
Que farás tu, meu Deus?

O medo me domina.


Rainer Maria Rilke, Praga (Eslováquia) - 1875-1926

Tradução de Paulo Plínio Abreu

24/02/2011

A verdade histórica


A minha filha partiu uma tigela
na cozinha.
E eu que apetecia escrever
sobre o evento,
tive que por de lado inspiração e lápis,
pegar uma vassoura e varrer
a cozinha.
A cozinha varrida de tigela
ficou diferente da cozinha
de tigela intacta:
local propício a escavação e estudo,
curto mapa arqueológico
num futuro remoto.
Uma tigela de louça branca
com flores,
restos de cereais tratados
em embalagem estanque
espalhados pelo chão.
Não eram grãos de trigo de Pompeia,
mas eram respeitosos cereais
de qualquer forma.
E a tigela, mesmo não sendo da dinastia Ming,
mas das Caldas,
daqui a cinco ou dez mil anos
devia ter estatuto admirativo.
Mas a hecatombe
deu-se.
E escorregada de pequeninas mãos,
ficou esquecida de fama e proveitos,
varrida de vassouras e memórias.
Por mísero e cruel balde de lixo,
azul em plástico moderno
(indestrutível)


Ana Luísa Amaral, em Minha senhora de quê

23/02/2011

Palavras tantas. Quantas?



Quantas palavras seriam necessárias para preencher-me? Tantas que conheço, outras muitas que desconheço. Às vezes me pergunto para quê? Para quem? Por quê escrever para um espaço virtual? Milhões de criaturas fazem isso. Mas exatamente para quem, para quê? Seria por solidão, por carência ou por simples vaidade?
São centenas de milhares de pequenas ilhas incomunicáveis entre si.
Para quem você escreve?
O quê você realmente deseja?
Crescer, comunicar-se com o outro?
Tornar-se um escritor?
Um contista! Quem sabe um poeta?
Você aceita críticas, o contraditório?
Ou quer apenas receber elogios, loas?
Confesso que sinto um tédio enorme diante dessa rotinazinha de “trocar figurinhas”:
“- Ai que lindo!, adorei”...
“- Muito bom. Não conhecia...”
“- Como escreves bem, um verdadeiro poeta!...”

Quando você faz um comentário diferente do habitual, tentando aprofundar um pouco, recebe como resposta o silêncio, o distanciamento, a maioria foge.!
O quê você realmente deseja?
- desabafar suas angústias de uma forma aparentemente criativa, original?
- fazer proselitismo religioso, político ou existencial?
- trocar informações
- conhecer outras formas de pensar
- outras formas de sentir ou
- impor sua maneira de ser,
- fortalecer seus preconceitos, suas crenças?

Tantas palavras que conheço, tantas idéias convencionalmente bem formuladas, mas que se perdem na poeira, na bruma virtual, aumentando cada vez mais o fosso entre as pessoas... Mas alguns alimentam a ilusão de se tornarem célebres, a ilusão de serem os donos da palavra, das ideias...


N.B. Recebí esse texto por e-mail, e como achei-o bem interessante, sentí vontade de repassá-lo, porque também me tenho feito essas perguntas.

22/02/2011

B+A = BA



A meauginl, oãçacinumoc ertne sa asospe átes daca zve siam idiflic!
RartnocnE sotiefed é licaf, sam rezaf rohlme depo rse idificli...
O nudom state ed serpnsa orp raeinnugúme tsae es mirptoaond mcoanad, a onaorse mco use poriorpoio miubog.,,!?

bcdfghijklmnopq
rstuvwxyz
aeiou
klmnopq


abcdefghijkl
mnopqrst
uvxyz


Eu não sei nada
I d'ont know nothing
Je ne sais rien
Ich weis nich
Yo no sé nada
Non capisco niente!!!!!!!!!

21/02/2011

Navegando pela Antiguidade...

Sarcófago (Museu de Alexandria, Egito)


"Navigare necesse, vivere non necesse" (Navevar é preciso, viver não é preciso). Plutarco, filósofo e prosador da Antiguidade, nasceu em Queroneia, na Beócia, por volta de 40 a 126 d.C., mas adquiriu cidadania romana e passou a chamar-se Lucius Mestrius Plutarchus. Segundo relato seu, Pompeu, o general romano, encontrava-se na África, e após ter abastecido seus navios, ordenou aos capitães que zarpassem. Estes, com medo da tempestade que se aproximava, negaram-se a partir. Plutarco então foi à proa do seu navio e proferiu em latim, para todos: "Navigare necesse, vivere non necesse." A frota de Pompeu chegou a salvo e a frase tornou-se tão famosa que chegou até Fernando Pessoa.
E o que Fernando Pessoa de fato proferiu encontra-se nesse parágrafo:
"Navegadores antigos, tinham uma frase gloriosa: 'Navegar é preciso, viver não é preciso'. Quero para mim o espírito dessa frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar!" (Em Palavras de pórtico, 1960)


Fonte: blog do Guilherme Montana

20/02/2011

E por vezes....

Canoa Quebrada (CE)
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos.

E por vezes encontramos de nós
em poucos meses o que a noite
fez em muitos anos.

E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos.

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes, ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos,

David Mourão-Ferreira, Lisboa (1927-1996)

18/02/2011

Cláudia Roquette Pinto - Dois poemas


A serra


A serra elétrica das cigarras parou.
Tão de repente que o dia
que ela partia em dois,
num estalo deitou ao chão suas metades.
Ficou só esta poça de silêncio, indiferente,
e um tremor de alfinetes ardendo
dentro da caixa
de onde se abre o quem.
Em Saravejo
Na primeira foto ela rí,
selvagem,
e se mistura às amigas.
Um ano mais tarde,
posa com as mãos no colo,
coluna reta,
os pés cruzados pra trás.
Por dentro do uniforme pressente
uma mulher, a passos largos,
galgando as ruas de grandes cidades
- quem sabe no exterior.
Quando a ví, alí, distraída,
na escada do ônibus escolar,
nada me preparou para suas pernas
abertas,
no meio a flor dilacerada
repetindo entre as coxas,
o buraco da bala no peito:
um dois pontos insólito.
Cláudia Roquette Pinto é natural do Rio de Janeiro-RJ

16/02/2011

Czeslaw Milosz (1911-2004)


Ars Poética


Sempre aspirei por uma forma mais ampla, que não fosse nem poesia
nem prosa em demasia e permitisse a compreensão, sem expor ninguém,
nem autor nem leitor, a grandes tormentos.
Em sua essência, a poesia é algo horrível: nasce de nós uma coisa que não
sabíamos que está dentro de nós,
e piscamos os olhos como se atrás de nós estivesse saltando um tigre,
e tivesse parado na luz, batendo a cauda sem os quadris. É por isso que
afirmam, com razão, que a poesia é ditada
por um espírito,
embora haja exagero em afirmar que se trata de um anjo.
É difícil entender a soberba dos poetas,
por que se envergonham quando a fraqueza deles é
descoberta.
Que homem inteligente gostaria de ser o país dos demônios,
que nele se multiplicam como em sua própria casa, falam
inúmeras línguas,
e como se não lhes bastasse roubar-lhe a boca e as mãos,
ainda tentam alterar-lhe o destino a seu bel-prazer?
Porque hoje se receita tudo o que é adoentado,
alguém poderá pensar que estou brincando apenas,
ou que encontrei uma outra maneira
de elogiar a Arte através da ironia.
Houve um tempo em que somente livros sábios eram lidos,
que ajudam a suportar a dor e a desgraça.
Mas isso não é o mesmo que examinar milhares
de obras oriundas direto das clínicas psiquiátricas.
Mas o mundo é diferente daquilo que nos parece,
e nós próprios diferentes de nossos delírios.
Por isso as pessoas conservam sua silente cortesia,
para obter respeito de parentes e vizinhos.
A vantagem da poesia consiste no fato de lembrar-nos
da dificuldade de manter a identidade,
pois a nossa casa está aberta, não há chave na porta,
e hóspedes invisíveis entram e saem.
Concordo, o que estou contando aqui não é poesia.
Poesias devem ser escritas poucas vezes e de má vontade,
sob uma pressão insuportável e apenas na esperança
de que os bons espíritos, e não os maus, tenham em nós o
seu
instrumento.
Czeslaw Milosz nasceu em Szetejnic, cidade que fazia parte da Polônia. Hoje faz parte da Lituânia. Em 1980 o poeta recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

14/02/2011

Línguas

Museu da Língua Portuguesa, São Paulo(SP)
Não existe um consenso científico acerca da origem da linguagem entre os seres humanos ou entre seus ancestrais. Alguns cientistas afirmam que ela teria surgido há dois milhões de anos com o "homo habilis", enquanto outros preferem uma data mais recente, há quarenta mil anos. Pesquisas mais recentes indicam que a linguagem humana teria surgido na África, antes das migrações humanas pelo globo terrestre, há cerca de cinquenta mil anos.
Segundo especialistas, estima-se que atualmente existam entre seis mil e sete mil idiomas. Contudo, é muito difícil obter-se um número exato dos idiomas falados, porque ainda hoje são descobertos povos que falam línguas nunca antes escutadas. Em 2007, por exemplo, a comunidade linguística descobriu os índios metyktire, no sul do Pará, vivendo totalmente isolados de nossa civilização e com uma variação linguística até então desconhecida. Nem todas as línguas obedecem às mesmas regras gramaticais das línguas derivadas do grego e do latim. Acreditam os pesquisadores que os primeiros símbolos do som da língua ancestral da humanidade foram os gestos, e somente bem mais tarde é que surgiu a língua falada. O antropólogo Lee Worf, descobriu um aspecto interessante na cultura dos índios hopi (Arizona, EUA): seu conceito de tempo difere do tempo calculado pelos europeus. Os hopi têm uma visão cíclica e não linear dos acontecimentos. Já os berinmo, de Papua Nova Guiné, têm um outro nome para as cores, não tendo a mesma percepção e distinção que nós temos. É onde se fala mais idiomas (cerca de oitocentos e cinquenta!), porque seus habitantes vivem isolados em grupos devido as montanhas que servem de barreiras.

Papua Nova Guiné

As migrações dos povos desempenham um relevante papel na evolução dos idiomas. Quando um grupo se separa, geralmente aparecem novas regras para a linguagem, como aconteceu por exemplo, entre o norueguês e o islandês. A mesma coisa pode ocorrer com grupos linguísiticos diferentes, que ao se aproximarem acabam por assimilar alguma coisa da língua do outro, como na época da "liga Hanseática", durante os séculos XII e XIII. Essa Liga foi uma associação criada pela burguesia alemã, reunindo todos os comerciantes da Europa e do Báltico afim de criar um monopólio comercial em toda a Europa. Naquele período o norueguês acabou adaptando-se ao baixo-alemão.

Atualmente podemos verificar a influência do inglês globalizado sobre muitos idiomas, inclusive aqui no Brasil.

12/02/2011

As pedras de Cora Coralina



Morta...serei árvore
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira

(...)

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

A estrada da vida é uma reta
marcada de encruzilhadas.
Caminhos certos e errados,
encontros e desencontros
do começo ao fim.

Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude dos meus versos.
Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina.


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas, cidade de Goiás(GO) (1889-1985)

10/02/2011

Chuva e não (II)



Há dias em que chove poesia.
Dias em que pinga.
Dias que não.

Cautela para os primeiros.
Atenção para os segundos.
Dos últimos, o áspero
aprendizado do silêncio,
a dura ração da recusa.

Alheios a chuva e poesia,
os dias prosseguirão.


Sidney Wanderley, Alagoas

08/02/2011

Ítalo Svevo

Pina Bausch


Como são expressivas as construções dos sonhos. Dizem que são assim porque quem as arquitetou, pode entendê-las facilmente, concordo. O surpreendente, no entanto, é que o arquiteto não sabe que as fez e não se lembra disso quando acorda, e voltando o pensamento para o mundo do qual saiu e onde as construções surgem com tanta facilidade, pode surpreender-se que lá possa se entender tudo sem necessidade de palavra alguma.


Extraído do conto "Vinho generoso", de Ítalo Svevo, pseudônimo de Aron Hector Schmitz - Trieste, Itália (186l-1928)

06/02/2011

Cada um de nós...

Gérard Richter


Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente. Neste mesmo momento em que escrevo, num intervalo legítimo do trabalho hoje escasso, estas poucas palavras de impressão, sou o que as escreve atentamente, sou o que está contente de não ter nesta hora de trabalhar, sou o que está vendo o céu lá fora, invisível de aqui, sou o que está pensando isto tudo, sou o que sente o corpo contente e as mãos ainda vagamente frias. E todo este mundo meu de gente entre si alheia projecta, como uma multidão diversa mas compacta, uma sombra única - este corpo quieto e escrevente com que reclino, de pé, contra a secretária alta de Borges onde vim buscar o meu mata-borrão, que lhe emprestara.


*****


Tudo se me evapora. A minha vida inteira, as minhas recordações, a minha imaginação e o que contém a minha personalidade, tudo se me evapora. Continuamente sinto que fui outro, que sentí outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.

Encontro às vezes, na confusão vulgar das minha gavetas literárias, papéis escritos por mim há dez anos, há quinze anos, há mais anos talvez. E muitos deles me parecem de um estranho; desreconheço-me neles. Houve quem os escrevesse, e fui eu. Sentí-os eu, mas foi como em outra vida, de que houvesse agora despertado como de um sono alheio.

É frequente eu encontrar coisas escritas por mim ainda muito jovem - trechos dos dezassete anos, trechos dos vinte anos. E alguns têm o poder de expressão que me não lembro de poder ter tido nessa altura da vida. Há em certas frases, em certos períodos a poucos passos da minha adolescência, que me parecem produto de tal qual sou agora, educado por anos e por coisas. Reconheço que sou o mesmo que era. E tendo sentido que estou hoje num progresso grande do que fui, pergunto onde está o progresso se então era o mesmo que hoje sou.



Do "Livro do Desassossego, composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa" por Fernando Pessoa

04/02/2011


Um dos principais legados das grandes indústrias da comunicação é o mito de que o jornalista é um personagem indispensável à democracia. Entre outras coisas, este mito justifica o corolário de que sem as empresas jornalísticas também não existe democracia. E é aí que está
a justificação do poder assumido pelos donos de impérios da comunicação. A mudança de paradigmas na informação, provocada pela internet e pela informática, mostrou que os jornalistas não são hoje nem mais nem menos relevantes para a democracia do que os cidadãos comuns. A notícia deixou de ser monopólio dos profissionais e das empresas jornalísticas. Ela chega hoje às pessoas por circuitos que não passam pelas indústrias da comunicação. Mas isso não quer dizer que o jornalista se tornou descartável e desnecessário. A profissão está tendo que se adaptar ao novo contexto das ferramentas digitais da comunicação. O jornalista não é mais o certificador de credibilidades, mas o profissional que pode mostrar aos consumidores de informação como chegar a confiar em notícias. O profissional deixou de ser um oráculo e o interlocutor privilegiado de governantes e empresários para se tornar um tutor de leitores. A função antiga tinha mais glamour e prestígio nos corredores do poder público, mas a nova tem muito mais relevância social, sem falar que está mais próxima da realidade concreta do dia a dia das pessoas. Não é mais possível ter uma medida única para avaliar a confiabilidade de todas as notícias. O jogo de
interesses complicou extraordinariamente a tarefa de separar o joio do trigo no noticiário. O jornalista pode e deve dar aos leitores de um jornal, por exemplo, os elementos para avaliar
credibilidades no contexto concreto de cada evento, dado ou indivíduo. Também não se pode mais jogar nas costas do jornalista toda a responsabilidade pelo patrulhamento das autoridades e do governo. Hoje o conjunto de cidadãos numa comunidade tem um poder de produzir e circular informações muito maior do que o dos repórteres e editores. A revolução tecnológica democratizou a informação e isso faz com que os leitores de jornais também tenham responsabilidades informativas.


Carlos Castilho, Observatório da Imprensa

03/02/2011

Poema Kuba



Não existe navalha sem lâmina afiada.

A morte nos chega de várias formas.

Com nossos pés pisamos a terra da gazela,

com nossas mãos tocamos o céu.

Em algum dia que chegará, no calor do meio-dia,

serei levado nos ombros através do país dos mortos.

Quando morrer, não me enterrem debaixo das árvores

do bosque, porque tenho medo de seus espinhos.

Quando morrer, não me enterrem debaixo das árvores

do bosque, porque tenho medo da água que cai.

Enterrem-me à sombra das grandes árvores

do mercado; quero ouvir tocar os tambores,

quero sentir os pés dos que dançam.



O povo kuba vive na região central do Congo, na África.