DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

03/11/2013

Odeon (chorinho)


 
Ai quem me dera
O meu chorinho tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Tanto ouvia
Ter que fazer canto chorar

Ele me lembra tanto, tanto
De outro encanto de um passado
Que era lindo, era triste, era bom
Igualzinho ao chorinho chamado Odeon

Pensando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção no violão esse bordão
Que me dá vida, que me mata
É só carinho, meu chorinho
Quando pega e chega assim devagarzinho
Meia luz, meia voz, meio tom
Meu chorinho Odeon
Abre depressa
Chorinho querido, vem
Mostra a graça que o choro sentido tem
Quanto tempo passou, quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém

Ah, quem diria que um dia, chorinho meu
Você viria com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer não faz mal,
Tanto faz, tanto fez
Eu volto pra chorar por vocês

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao Bandolim pra não tocar tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai meu chorinho, eu só queria
Transformar em realidade a poesia
Ai que lindo, ai que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda persigo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
Que até parece aquela prece no coração
Se eu pudesse recordar e ser criança
Se eu pudesse renovar minha esperança
Se eu pudesse me lembrar como se dança
Esse chorinho que hoje em dia ninguém sabe mais...

Ernesto Nazareth (música) e letra de Vinícius de Moraes 
 
 



2 comentários: