DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

29/10/2014

Se houvesse degraus na terra




Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
 
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço á boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
 
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.
 
Herberto Helder, Funchal (Ilha da Madeira) - 1930-


27/10/2014

Algumas páginas da história do Brasil

A história é vital para a formação da cidadania porque nos mostra que para compreender o que está acontecendo no presente é preciso entender quais foram os caminhos percorridos pela sociedade brasileira; senão parece que tudo começou quando tomamos consciência das nossas vidas.

Boris Fausto, historiador




22/10/2014

Conto em gotas - ( final )



 
 
De tanto caminhar já sentia na planta dos pés as agulhadas daquelas minúsculas pedrinhas de pó infiltradas em sua carne: ardiam, estavam em brasas os pés e aquele ardor irradiava-se pelas pernas subiam pelas coxas afogueando seu ventre prenhe de estórias por nascer.
 
Na ilha onde se encontrava não havia glicínias azuis. Quando acordou viu ao redor a vastidão da caatinga, o mandacaru em flor, o canto triste do assum preto, a asa branca debatendo-se contra um carcará.
Puxou o fio da meada para sair do labirinto e viu que o dia estava brilhante e ensolarado e belo. Não era azul era laranja. A estória era outra e ainda está para ser contada, não em gotas, mas aos jorros...!

17/10/2014

Conto em gotas - (continuação II)





 
Terceira gota 
 
Caminhando pelas ruas da linguagem, deu-se conta de que embora andasse por elas desde cedo, lhe pareciam estranhas, não conseguia dialogar; passava horas, às vezes dias num silêncio sem fim. Voz e corpo desencontrados coabitando as mesmas palavras, partilhando as mesmas dores, os mesmos sonhos – atravessados na garganta. Com passos lentos, tentava seguir os pássaros, perguntando-se  - onde estaria sua língua que só balbuciava o dejà vu? Que só gaguejava dislexias?
As ruas da linguagem são amplas largas como avenidas de mãos duplas, e de repente ao virar a cabeça percebeu estar numa encruzilhada que bifurcava-se em várias delas, eram estreitas e de mão única. Aquela mão tinha dedos longos como galhos secos sem folhas: era um livro de muitas estórias, de páginas avulsas espalhadas pelo chão. Soprava um vento forte, as folhas voavam para o alto, em todas as direções como se quisessem alcançar os pássaros. E voavam as páginas as palavras as estórias os pássaros e os sonhos contidos naquela mão em forma de labirinto... 

14/10/2014

Conto em gotas (continuação)




 
 
Segunda gota

 
Seguindo aquela algaravia musical olhou pro alto e foi seguindo o voo dos pássaros. Ao passar por uma transversal de palavras parou, precisava alinhar alguns vocábulos de asas caídas; estavam muito machucados, cheios de hematomas provocados por uma discussão com um grupo de expressões vulgares. Após alojá-los confortavelmente, arrancou-lhes as penas ensanguentadas, envolveu-os com uma fina camada de carinho; em seguida, jogou sobre eles um balde de adjetivos para protegê-los do vazio que os rondava. Agora seria apenas uma questão de tempo para compreender a melodia da linguagem às vezes triste, outras sem ritmo sem cor sem nexo aparente. Aprenderia algum dia o som de sua língua?

13/10/2014

Até quando ficaremos nas ilusões, ou nas más intenções?

PODE NÃO SER A OPINIÃO DE TODA A IGREJA, MAS É A DE UM BISPO EMÉRITO, DOM LUÍS ECCEL, DA CIDADE DE CAÇADOR(SC), que atualmente reside em BRUSQUES (SC):

Até quando ficaremos nas ilusões, ou nas más intenções? Pessoas sensatas sabem sobejamente que o candidato do PSDB é apenas verniz, em tudo o que diz e propaga. Basta conhecer um pouquinho só da nossa história política... Problemas e defeitos encontramos em todas as pessoas, instituições, clubes, Igrejas, associações e partidos políticos... Mas todos sabem, ou deveriam saber que o governo de FHC fez o que fez, conhecido como privataria tucana; roubos bilionários, salário mínimo baixíssimo, desemprego alarmante, havia até advogados e engenheiros nas filas disputando as poucas vagas para garis. Inflação altíssima, os bancos lucrando como nunca, enfim o Brasil foi colocado de joelhos diante dos EUA e seus fortes aliados. O Lula nos colocou de pé! Os títulos de “doutor honoris causa” por ele recebidos estão aí para confirmar. Os escândalos financeiros do PSDB foram muitos e astronômicos, porém tudo foi engavetado, pois o STF, e os grandes meios de comunicação estavam, e estão, sempre do lado dessa direita fascista e golpista. O PSBD com seus aliados não estão nem aí para saúde, educação, moradia, vida digna para o povo, especialmente os excluídos. O Brasil jamais viu avanços nos seus 500 anos de história, como nos governos de Lula e Dilma. E a ONU declarou o Brasil, pela primeira vez, há poucos dias, fora do mapa da fome. Só os mal intencionados não percebem esses grandes avanços, em todas as áreas da sociedade brasileira, apesar de ter muito por fazer, e sempre terá. Minha única e exclusiva preocupação é com o povão; tenho certeza, infelizmente, que se Aécio chegar lá, será a retomada do entreguismo: Petrobras, pré-sal, bancos públicos, desprezo das políticas públicas, desemprego voltando, inflação disparando e povão pagando o pato, para eles continuarem a se locupletar e novamente se aliar aos EUA entregando o que temos de riqueza natural. Consciência eles não têm, por isso o remorso passará bem longe deles. Mandem de volta para seus países de origem os médicos que aqui chegaram com o programa +médicos, e quero ver se os médicos brasileiros irão para os rincões mais remotos, ou mesmo para as periferias mais pobres deste país. Alguns alegam que ganham pouco, que faltam instrumentos, etc; mas por que FHC não resolveu o problema da saúde antes de entregar nossas riquezas para alguns poderosos, e abastecer suas contas nos paraísos fiscais? E a classe média acha isso tudo muito bom...Infelizmente é da natureza das toupeiras serem parcial ou totalmente cegas! Fato é que Dilma já fez bastante pela saúde, e o projeto é dos melhores, com a ajuda dos royalties do pré- sal, em favor da saúde e da educação. Tenho certeza de que desde o início do governo Lula, a direita tentou derrubá-lo, desmoralizando o governo petista, com toda sorte de armações, as mais diabólicas, mirabolantes e sórdidas. A elite nunca aceitou perder o poder, muito menos para um operário. E a grande mídia (PIG) faz passar todas essas mentiras como se fossem verdades, e os “incautos ficam indignados”, ( santa ingenuidade, ou venenosa maldade) sem mesmo buscarem elementos para refletir seriamente. Eu sempre acompanhei tudo muito bem! Não suporto tansisse, assim busco informações em fontes fidedignas. A filósofa Marilena Chauí tem razão em declarar a obtusidade absoluta, especialmente, da classe média. Esta classe juntamente com outra, não aceita que pobres possam usar os mesmos perfumes importados, viajar nos mesmos aviões, e comprar nas mesmas lojas; não preciso ir longe, vejo esta estultice anacrônica aqui na “minha” cidade... Alguém poderia alegar que mesmo estudando muito, é de direita, eu respondo como o grande Victor Hugo: “algumas pessoas pagariam para se venderem”! A direita fascista golpista, escrota e asquerosa dá muita risada dos seus eleitores. Dizem: como é fácil convencer os eleitores deste país! Voltemos a nos refestelar entregando as nossas riquezas naturais, e com os impostos provenientes do povo, e vez ou outra lhes daremos umas esmolas... Outro problema sério: é sabido que a direita foi, é, e sempre será aliada da ditadura que persegue, prende, tortura, mata, e faz os cadáveres desaparecerem. Pior ainda, o vice do  Aécio foi aliado da ditadura e a defende sempre. O governo do PT deixou de fazer algo importante? Sim! Poderia ter começado o processo de declaração de nulidade da entrega da Vale do Rio Doce com nossas riquezas minerais, a preço de banana, pelo FHC, uma das empresas mais ricas do mundo. E assim teríamos mais dinheiro para a saúde e educação. Não sei se iria conseguir o intento, pois a justiça normalmente é injusta, e a maioria dos ministros do STF é de direita, ou seja, não estão nem aí para os problemas do povo. Poderia ter feito a reforma agrária e urbana, ter taxado as grandes fortunas; democratizado os meios de comunicação para que os poucos detentores de hoje deixem de distorcer, mentir e manipular o povo... Mas tem um grande mérito, entre tantos outros, apurar as irregularidades no uso da verba pública, não engavetando nada, como era costume na era anterior ao governo petista.
Outro questionamento sério que devemos fazer: Por que o Aécio construiu os aeroportos particulares, com dinheiro público, e os mesmos ficam trancados? Você já se perguntou sobre isto? Fico pensando: não seria para tráfico de drogas, que causam tantas desgraças, mortes e violência, especialmente aos nossos jovens? Para que outro motivo faria isso? Você se lembra daquele helicóptero que foi pego com quase 500 quilos de cocaína? Era de gente próxima a ele. E por que não se falou mais nisso? Se fosse 1 quilo só, com alguém do PT, estariam falando até hoje, especialmente a globo e veja.
O FHC disse que os eleitores de Dilma são pessoas desinformadas dos grotões. Eu tenho certeza que os eleitores do PSDB é que são desinformados, não conhecem nada da nossa história; aliás, o grau de ignorância dos eleitores de FHC e Aécio é tão alarmante que supera até as expectativas das “pesquisas” da GLOBO, VEJA e CIA... Desconhecem totalmente as roubalheiras bilionárias da direita fascista e golpista, ou são coniventes... Portanto, nunca vote na direita, pois é colocar a raposa para cuidar do aviário!
Não sou dono da verdade, mas receba um fraterno abraço de quem tem mente e olhos bem abertos para saber claramente onde estão as verdades e as mentiras, em todos os espaços, sejam eles públicos ou privados, no meu e no seu também... Se quiser acreditar, acredite; se quiser continuar na obscuridade, fique à vontade! Porém seria muito interessante que todos(as) buscássemos conhecer a verdadeira história deste país, em fontes que não sejam as dos grandes meios de comunicação que aí estão para emburrecer o povo, e com isso continuar lucrando com suas mentiras com caras de verdades. Não sou candidato à cargos, mas a colaborar para que o povo tenha vida com dignidade! Isso faz 500 anos que a direita já provou que não dá! Cada um(a) analise a realidade de acordo com a quantidade de neurônios que tem... Fique com Deus! Ou fique com a globo, veja, época e cia... Dê uma olhada no link abaixo! Dom Luiz http://plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82174

12/10/2014

Relendo Brecht pela enésima vez...




Que tempos são estes, que temos de defender o óbvio?
Que continuemos a nos omitir na política é tudo o que os malfeitores da vida  pública  mais querem!
 
***
 
Desconfiai do mais trivial, na aparência simples. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente, não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sanguinária, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer impossível de mudar!
 
***
 
Aquele que não conhece a verdade é um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.

11/10/2014

Nudez





sob uma densa floresta
noturno o corpo torna-se
árvore despida
os pensamentos sãos
 
galhos de estrelas
transitam em silêncio
escondem-se
sob a vegetação
da pele - são espantos
medo dos desejos.
 
Floresta povoada de devaneios
e solidão.

09/10/2014

O fascismo ronda o Brasil em 2014 - Frei Beto

Ao votar este ano, reflita se por acaso você estará plantando uma semente do fascismo ou colaborando para extirpá-la.


Jean-Marie le Pen, líder da direita francesa, sugeriu deter o surto demográfico na África e estancar o fluxo migratório de africanos rumo à Europa enviando, àquele sofrido continente, “o senhor Ebola”, uma referência diabólica ao vírus mais perigoso que a humanidade conhece. Le Pen fez um convite ao extermínio.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy propôs a suspensão do Tratado de Schengen, que defende a livre circulação de pessoas entre trinta países europeus. Já a livre circulação do capital não encontra barreiras no mundo… E nas eleições de 25 de maio a extrema-direita europeia aumentou o número de seus representantes no Parlamento Europeu.
A queda do Muro de Berlim soterrou as utopias libertárias. A esquerda europeia foi cooptada pelo neoliberalismo e, hoje, frente a crise que abate o Velho Mundo, não há nenhuma força política significativa capaz de apresentar uma saída ao capitalismo.
Aqui no Brasil nenhum partido considerado progressista aponta, hoje, um futuro alternativo a esse sistema que só aprofunda, neste pequeno planeta onde nos é dado desfrutar do milagre da vida, a desigualdade social e a exclusão. Caminha-se de novo para o fascismo?
 Luis Britto García, escritor venezuelano, frisa que uma das características marcantes do fascismo é a estreita cumplicidade entre o grande capital e o Estado. Este só deve intervir na economia, como apregoava Margareth Thatcher, quando se trata de favorecer os mais ricos. Aliás, como fazem Obama e o FMI desde 2008, ao se desencadear a crise financeira que condena ao desemprego, atualmente, 26 milhões de europeus, a maioria jovens.
O fascismo nega a luta de classes, mas atua como braço armado da elite. Prova disso foi o golpe militar de 1964 no Brasil. Sua tática consiste em aterrorizar a classe média e induzi-la a trocar a liberdade pela segurança, ansiosa por um “messias” (um exército, um Hitler, um ditador) capaz de salvá-la da ameaça. A classe média adora curtir a ilusão de que é candidata a integrar a elite embora, por enquanto, viaje na classe executiva. Porém, acredita que, em breve, passará à primeira classe… E repudia a possibilidade de viajar na classe econômica. Por isso, ela se sente sumamente incomodada ao ver os aeroportos repletos de pessoas das classes C e D, como ocorre hoje no Brasil, e não suporta esbarrar com o pessoal da periferia nos nobres corredores dos shopping-centers. Enfim, odeia se olhar no espelho…
O fascismo é racista. Hitler odiava judeus, comunistas e homossexuais, e defendia a superioridade da “raça ariana”. Mussolini massacrou líbios e abissínios (etíopes), e planejou sacrificar meio milhão de eslavos “bárbaros e inferiores” em favor de cinquenta mil italianos “superiores”… O fascismo se apresenta como progressista. Mussolini, que chegou a trabalhar com Gramsci, se dizia socialista, e o partido de Hitler se chamava Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista (de Nationalsozialist). Os fascistas se apropriam de símbolos libertários, como a cruz gamada que, no Oriente, representa a vida e a boa fortuna. No Brasil, militares e adeptos da quartelada de 1964 a denominavam “Revolução”. O fascismo é religioso. Mussolini teve suas tropas abençoadas pelo papa quando enviadas à Segunda Guerra. Pio XII nunca denunciou os crimes de Hitler. Franco, na Espanha, e Pinochet, no Chile, mereceram bênçãos especiais da Igreja Católica. O fascismo é misógino. O líder fascista jamais aparece ao lado de sua mulher. Como dizia Hitler, às mulheres fica reservado a tríade Kirche, Kuche e Kinder (igreja, cozinha e criança). O fascismo é anti-intelectual. Odeia a cultura. “Quando ouço falar de cultura, saco a pistola”, dizia Goering, braço direito de Hitler. Quase todas as vanguardas culturais do século XX foram progressistas: expressionismo, dadaísmo, surrealismo, construtivismo, cubismo, existencialismo. Os fascistas as consideravam “arte degenerada”. O fascismo não cria, recicla. Só se fixa no passado, um passado imaginário, idílico, como as “viúvas” da ditadura do Brasil, que se queixam das manifestações e greves, e exalam nostalgia pelo tempo dos militares, quando “havia ordem e progresso”. Sim, havia a paz dos cemitérios… assegurada pela férrea censura, que impedia a opinião pública de saber o que de fato ocorria no país. O fascismo é necrófilo. Assassinou Vladimir Herzog e frei Tito de Alencar Lima; encarcerou Gramsci e madre Maurina Borges; repudiou Picasso e os teatros Arena e Oficina; fuzilou García Lorca, Victor Jara, Marighella e Lamarca; e fez desaparecer Walter Benjamin e Tenório Júnior.
Ao votar este ano, reflita se por acaso você estará plantando uma semente do fascismo ou colaborando para extirpá-la.

07/10/2014

Conto em gotas


 
 
 
Primeira gota
 
 
Às vezes, o dia amanhece azul, cheio de glicínias japonesas! Como sei que o Japão é uma ilha distante do meu horizonte, limito-me a olhá-las de longe, embevecida com tanta beleza. Apesar das tentativas "humanas" para destruí-la, a natureza resiste bravamente, e de lambuja, mostra-se bela e desafiadora!
 
Às vezes também, uma tribo de palavras resolve pedir asilo e antes que eu permita instala-se em minha garganta locupletando-se até da minha voz! Fico pelas tamancas - o tuntum do sangue a pulsar pelas veias passa por meus ouvidos cochichando: estou viva, olha eu aqui pra te perturbar o sono...
 
As glicínias são lindas em seu habitat, depois que as tiramos de lá, morrem; assim os pássaros com suas asas e sua língua musical - prefiro-os soltos para dar asas à minha imaginação e conectar-me com aquele breve instante de vida de uma palavra ou de uma frase ouvida na algaravia do seu canto. Para eles uma questão de comunicação com os seus, de sobrevivência. Para mim um alumbramento, um deleite que de uma certa maneira ajuda-me a sobreviver!

03/10/2014

Yo no se de pájaros...


 
 
Eu não sei de pássaros,
não conheço a história do fogo,
mas acredito que minha solidão
deveria ter asas.
 
 
***
 
dice que no sabe
 del miedo
de la muerte
 del amor
dice que tiene miedo
de la muerte
 del amor
dice que el amor es muerte
es miedo
dice que la muerte
es miedo
es amor
dice que no sabe
 
 
disse que não sabe
do medo
da morte
do amor
 
disse que o amor é morte
é medo
disse que a morte
é medo
é amor
disse que não sabe
 
 
Alejandra Pizarnik, Buenos Aires, 1936-1972