DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

30/11/2015

Nosso cérebro e a liberdade de expressão

 

 
Nosso cérebro é uma máquina complexa e perfeita. Sua formação acontece após três semanas da concepção do feto com cerca de 100 bilhões de células repletas de conexões que vão se formando a cada estímulo, criando as mais diversas imagens. A porta de entrada para essas imagens é exatamente o buraco negro que há no centro do olho, nossa lente natural: o cristalino. É através dele que passam os raios luminosos. A luz atinge o fundo do olho, a retina, onde existe uma verdadeira floresta com aproximadamente 125 milhões de células sensíveis à luz; cada uma dessas células capta um pouquinho do que vemos enviando essa informação para o cérebro, que por sua vez organiza esses fragmentos de informações para montar a imagem completa. Esse processo tem início ainda no útero da mãe, quando o bebê tenta enxergar, mas só vê em preto e branco. Após o nascimento surgem as células específicas para detectar as cores. Elas agrupam-se numa área da retina, que tem o formato de um vulcão: é a mácula, que ficará pronta a partir dos 4 anos de idade, quando então a visão atinge o máximo de nitidez e flexibilidade.
E por quê todos esses prolegômenos? Por uma razão muito simples, porque é básica, e como tal é essencial. Como é possível admitirmos, aceitarmos ser invadidos, desrespeitados todos os dias de nossas vidas por programas televisivos de tão baixo nível? A Constituição Federal, em seu Art.21, Inciso XVI, diz, com todas as letras: "Programas que incitam a violência e estimulam a sexualidade precoce, não contribuem para o enriquecimento cultural da população. O ministro Antônio de Pádua Ribeiro, do Superior Tribunal de Justiça também acrescenta: "O direito à liberdade está no mesmo plano constitucionalmente assegurado, como a difusão de programas educativos, artísticos e informativos e o respeito a valores éticos e sociais da pessoa e da família. [...] Eventuais restrições à liberdade de expressão nada teriam de autoritário ou arbitrário ao respeitarem o direito alheio."
 
Expor garotas jovens, seminuas, a exibirem seus traseiros como fazem os açougueiros com os traseiros bovinos em seus frigoríficos é algo artisticamente belo e dignificante para as mulheres, ou para qualquer ser humano que se preze? Utilizar mulheres negras (e nordestinas!?) com dificuldade de articular palavras, gagas, acrescenta alguma coisa além de preconceitos e falta de respeito à dignidade humana? Ter defeitos físicos é motivo pra rir, fazer galhofa, ridicularizar uma pessoa?
Por quê não se vê um programa que nos mostre a diversidade de nossa cultura popular, da nossa literatura, de nossos poetas, de nossa cultura indígena?
É isso que chamam de "liberdade de expressão"? Liberdade de expressão de quem? Pra quem? Não somos obrigados a aceitar esses tipos de programas, afinal de contas, somos cidadãos que pagamos impostos, e todos esses programas são concessões financiadas por nós, brasileiros, eleitores. E não é só uma questão de usar o controle remoto e mudar de canal, porque a maioria esmagadora desses programas são de péssima qualidade!
Chega de permitir que o pânico invada as nossas casas. Já temos manipulação de "notícias" ancoradas por marinheiros piratas de paletós e gravatas. Sem contar (ainda por cima!), com as inumeráveis vinhetas de politiqueiros a nos infernizarem com suas mentiras, diuturnamente!
Temos um cérebro refinadíssimo, que pensa, analisa, critica, e em perfeitíssimas condições de distinguir o que é bom, saudável e inteligente. 

NÃO MERECEMOS e NÃO QUEREMOS esse tipo de mídia! 

Um comentário:

  1. Olá, Ci!

    Muito legal o seu post. O olho é realmente uma ferramenta incrível, principalmente quando conseguimos ver os seus minúsculos detalhes, a musculatura e etc.

    Sobre a deplorável programação da TV brasileira, hoje está no ar o resultado de anos de desconstrução por emissoras (que ironicamente são concessões públicas), que fazem o que der na telha usando os mais diversos recursos, visando exclusivamente seus lucros. Mas ainda há esperanças... esse modelo de TV aberta aos poucos vai sucumbir às novidades da tecnologia pelas novas ferramentas que estão surgindo.

    Bjo!

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