Os ventos sopraram vírus há tempos instalados sob várias casacas de vestais supostamente acima de quaisquer suspeitas; vendavais carregados de pesadas bombas de efeito remoto, espraiaram-se sobre praias, morros, favelas, lares e bares de um certo país tropical. Todos viram, e veem suas veias entupidas pulsando, a ponto de explodir como uma bomba relógio; mas suas mentes estão programadas para não reagir. É o efeito "deixa a vida me levar, o negócio é deixar rolar". E rolam como pedras em cascata, como Sísifo em seu círculo vicioso, sem olhar para os lados. Entra ano, sai ano, e a cantiga da perua é sempre a mesma:de pior a pior. Papéis em branco, cheques sem fundos, mentiras que se transformam em verdades, e a vida continua como se fosse uma folha que cai de uma árvore cada dia mais seca. Vira-se mais uma página em branco. Ventos indeterminados, inesperados, poderão soprar estrelas
de metais; chuvas de pedras gestarão homens de pedras sobre pedras de homens, contra o Homem.
É a viragem do ANO!