Coisa nenhuma subsiste, mas tudo flui.
Fragmento ajusta-se a fragmento
e as coisas assim crescem.
Até que as conhecemos e as nomeamos.
Fundem-se, e já não são as coisas que conhecêramos.
Formados dos átomos que caem velozes ou lentos
vejo os sóis, vejo os sistemas se ordenarem; é certo
que a natureza está em nós
até mais do que nossa consciência sobre nós mesmos.
Tu também, ó Terra, teus impérios, países e mares,
a menor de todas as galáxias,
também formada assim,
também tu te irás, ó Terra,
e hora a hora vais indo, ó Terra.
Nada subsiste. Teus mares desaparecerão em névoa;
as areias abandonarão o seu lugar,
e onde hoje se acamam outros mares
abrirão com suas foices de brancura, outras baías.
* Tito Lucrécio Caro poeta romano(96 a.C. - 55 a.C.)
Poema escrito no século I a.C. - Tradução de Antonio José de Lima Leitão (1787-1856)