Ai, ai, ai, Poesia qu'eu não consigo olhar pra ti;
o espelho está cego
a ilusão virou farelo que
a formiguinha não aguenta carregar nos ombros.
Meus olhos fechados tudo veem;
a poeira é branca
e da pedra de amolar pensamentos saltam
palavras correnteza abaixo.
O que acontece contigo, Poesia
quando te vendem a qualquer um
e esse um desaparece da face da terra
deixando apenas pinceladas
de sangue nas paredes da alma
feito natureza morta?
Sou filha do samba, do frevo e da batucada
que ecoa das primitivas cavernas
e mesmo assim não consigo decifrar
os sentimentos dos pirilampos que
saltam em círculos desconexos
fantasiados de ti, Poesia!