No Japão do período Heian (794-1192), assim como na Grécia clássica, no islã,
na India pós-védica e em tantas outras sociedades, as mulheres estavam proibidas de ler o que se considerava literatura "séria": deviam confinar-se ao
reino da diversão banal e frívola, que os eruditos confucianos desprezavam, e havia uma distinção clara entre literatura e linguagem "masculina"(com temas heróicos e filosóficos e voz pública) e "feminina"(trivial, doméstica e íntima). Essa distinção foi levada para muitas áreas diferentes: Por exemplo, como os modos chineses continuavam a ser admirados, a pintura chinesa era chamada de "masculina", enquanto a pintura japonesa, muito leve, era "feminina".
Mesmo que todas as bibliotecas de literatura chinesa e japonesa estivessem abertas para elas, as mulheres do período Heian não encontrariam o som de suas vozes na maioria dos livros do período.Portanto, em parte para aumentar
seu estoque de material de leitura, em parte para obter acesso a material de leitura que respondesse às suas preocupações específicas, elas criaram uma literatura própria.Desenvolveram uma transcrição fonética da língua que tinham permissão para falar, o kanabungaka, um japonês expurgado de quase todas as construções com palavras chinesas. Essa língua escrita veio a ser conhecida como "escrita das mulheres" e, estando restrita à mão feminina, adquiriu, aos olhos dos homens que as dominavam, uma qualidade erótica. Para ser atraente, uma mulher precisava não apenas possuir encantos físicos, mas também escrever com caligrafia elegante, bem como ser versada em música e saber ler, interpretar e escrever poesia. Essas realizações no entanto, jamais eram equiparáveis às dos artistas e estudiosos masculinos.
"Uma História da Leitura" - Alberto Manguel
eh isso que faz a difernça no mundo judaico, onde embora religião seja comandad por homens
ResponderExcluir,as mulheres são alfebetizadas do mesmo jeito e podem fazer o que quiserem da sua vida.
e por isso mesmo o mundo islamico vive querendo destrir o mundo judaico,
pelo ponto de vista feminino.