DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

18/09/2016

Fragmentos de delírios

Do nada ao sem fim restaram terras de esquecimento inundadas pela impetuosidade do mar da ignorância; da solidão surgiu o farol do conhecimento
abrindo portas descerrando as cortinas da hipocrisia e da superstição.

 
 

 
 
Do silêncio da mata ouço a voz que está perdida em agonia; o ronco surdo da terra mistura-se ao silêncio formando lagos, lagoas-lágrimas, blocos de vocábulos, geleiras de palavras, nuvens de parágrafos suspensos na imensidão
da selva. Um abelhume de línguas atravessa minha garganta descendo por desfiladeiros, escorregando pelas grutas verbais entre serpentes que sinuosamente se escondem em labirintos de braços linguísticos desconhecidos.
 
 
 
A noite misturou-se ao dia e já não sei mais qual a profundidade de minhas pálpebras; meus dedos tortos, teu nariz siliconado e adornado com piercing,
farejam mãos avulsas que dançam no salão oval da catedral ao som de uma canção à capela; várias palavras caminham aleatoriamente. O sono, que propiciava o encantamento para o sonho, agora só aparece através dos barbitúricos.


 
À noite meu pensamento é pólvora que explode em polvorosa; quando nasce
o dia torna-se pó, fica impalpável, placidamente plástico como um cipó de
bambu, que enverga com o vento, mas permanece de pé...
 
A roda roda porque sua natureza é giratória e espiralada, infinita. Se andamos em círculo é porque estamos viciados, estagnados. "Se o homem das cavernas
soubesse no que isso ía dar, nem teria saído de lá".
Como dizia Antonio Machado, (1875-1939) "no mar da mulher poucos naufragam à noite, muitos ao amanhecer".


Um comentário:

  1. Fragmentos de delirios que tocan muchos sentimientos...

    El hombre dialoga con el hombre que lleva dentro, esa dualidad que nos hace soñar y vivir de diferente manera.

    Hay que huir del ruido que nos rodea, en todos los sentido, que ya no nos deja soñar sin pildoras.

    La oscuridad se ilumina con la palabra, con el verso, con la justicia y la solidaridad, con esa Babel de mil lenguas que nos conciernen como una sola.

    Es cierto lo que dice Machado, porque es al amanecer cuando vemos la realidad. Se acabaron las sombras que todo lo disimulan, se acabó el duermevela que nos vuelve perezosos para reflesionar...

    Con la luz del día, vemos nuestro campo de guerra particular, contamos las pérdidas y recomponemos las fuerzas para la próxima batalla. Hay que seguir adelante.

    Las palabras sabias, los libros, siempre me salvan del naufragio y me alivian en las batallas perdidas.

    Inquietante e intenso tu relato.

    Un beso,

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