Cabaceiras-PB
Dizem que meu povo
é alegre e pacífico.
Eu digo que meu povo
é uma grande força insultada.
Dizem que meu povo
aprendeu com as argilas
e os bons senhores de engenho
a conhecer seu lugar.
Eu digo que meu povo
deve ser respeitado
como qualquer ânsia desconhecida
da natureza.
Dizem que meu povo
não sabe escovar-se
nem escolher seu destino.
Eu digo que meu povo
é uma pedra inflamada
rolando e crescendo
do interior para o mar.
***
Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento: escrevemos
cada vez mais, para um mundo
cada vez menos.
Alberto da Cunha Lima, Jaboatão dos Guararapes (PE) - 1942-2007. Escritor, jornalista e sociólogo.
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