DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)
Arder na água, afogar-se no fogo.
O mais importante é saber atravessar o fogo.
27/07/2019
21/07/2019
Ensaio Poético Sérgio Vaz
Sérgio Vaz mora em Taboão da Serra(SP) e é presença ativa nas comunidades da periferia. Criador da Coperifa (Cooperativa Cultural da periferia e um dos idealizadores do Sarau da Coperifa. É autor dos livros Subindo a ladeira mora a noite, À margem do vento, A poesia dos deuses inferiores, Colecionador de pedras, Literatura, pão e poesia, Flores de Alvenaria.
16/07/2019
108 anos! E no entanto...
Arcos da Lapa, Rio de Janeiro, 1911
[...] Há quantos anos vidas mais valiosas que a dele se vinham oferecendo, sacrificando e as coisas ficaram na mesma, a terra na mesma miséria, na mesma opressão, na mesma tristeza.
E ele se lembrava que há bem cem anos, ali, naquele
mesmo lugar onde estava, talvez naquela mesma prisão, homens generosos e ilustres estiveram presos
por quererem melhorar o estado de coisas de seu tempo.
[...] Não havia mais piedade, não havia mais simpatia, nem respeito pela vida humana; o que era necessário era dar o exemplo de um massacre à turca, porém clandestino, para que jamais o poder constituído fosse atacado ou mesmo discutido. Era a filosofia social da época, com forças de religião, com os seus fanáticos, com os seus sacerdotes e pregadores, e ela agia com a maldade de uma crença
forte, sobre a qual fizéssemos repousar a felicidade de muitos.
Trechos do livro Triste fim de Policarpo Quaresma, de
Afonso Henriques de Lima Barreto(1881-1922), escrito quando tinha apenas 30 anos de idade, é considerada a sua obra prima. Nela podemos observar uma atualidade surpreendente, e a denúncia dos males da sociedade brasileira da época,
males estes que vêm se arrastando através dos tempos: a burocracia, a bajulação, a injustiça social, os problemas da terra, dando-lhe um caráter quase profético!
14/07/2019
Azulejos desbotados
Não sei rimar
não uso fita métrica
para medir palavras
em versos
não sei costurar
palavras...
sofro de arritmias:
em concertos de eruditos
às vezes
ensaio um canto desafinado
e
quando a noite chega
palavras gotejam sobre
o leito insone dos olhos
- máscaras fantasmas fantoches
criam asas e voam por
terras desconhecidas
entre nuvens de papel machê
e uma realidade de azulejos
desbotados
07/07/2019
Por um fio
Francisco de Goya
a faca
o fio
afiada
água-lâmina
mãos que amolam
acariciam a navalha
cortam as entranhas
da carne em agonia
morte em sépia
arrastada pela dor
a espreitar da janela
o olhar cai sobre
um passado de sombras
recicladas
02/07/2019
"Dias não menos dias"
Chora-se com a facilidade das nascentes
Nasce-se sem querer, de um jato, como uma dádiva
(às primeiras vibrações vi corações se entrefugindo todos
ninguém soubera antes o que havia de ser não bater
as pálpebras em monocorde
e a tarde
pendurada no raminho de um
fogáceo arborescente
deixava-se ir
muda feita uma coisa última.
**
Estou atrás
do despojamento mais inteiro
da simplicidade mais erma
da palavra mais recém-nascida
do inteiro mais despojado
do ermo mais simples
do nascimento a mais da palavra
Ana Cristina Cesar - Rio de Janeiro(1952-1983)
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