Envolvi-me com pedras; sentei, deitei e rolei com elas. Apalpei-as, senti o seu cheiro, sua transpiração, e sua indiferença à minha presença. Ouvi o ruído do vento, seu farfalhar sobre as folhas, sobre os telhados. O vendaval, feito um torpedo, não se deteve diante dos destroços por ele provocados. Brinquei com pedras, joguei-as para cima e para baixo. De tanto misturar-me transformei-me numa delas. Hoje sou manipulada: jogam-me contra os pássaros, contra os animais, contras as pessoas. Sou pedra fria feita da poeira acumulada através dos tempos. Entretanto, posso tornar-me um rochedo, que enfrenta a brutalidade e a insensatez das marés humanas.
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