As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e Vêm
Não em vão
***
Marcha
Todos virão para o teu cortejo nupcial
A princesa Patoreba
Coroada de foguetes
A Senhora Dona Sancha
Que todos querem ver
O tangolomango
E seus mortos mastigados
Nas laboriosas noites processionais
Todos comparecerão
O camarada barbudo
O bobo-alegre
O salvado de diversos pavorosos incêndios
O frade mau
O corretor de cemitérios
E onde estiver
O Pinta-Brava
Meu irmão
Tatá, Dudu, Popó, Sici, Lelé
Não quero sombra de cera
Nem noite branca de reza
Quero o velório pretoriano
De Sócrates
Não o bestiário
De Casanova
Não quero tochas
Não quero vê-las
Tatá, Dudu, Popó, Sici, Lelé
O tio da América
A igreja da Aparecida
O duomo de Milão
O trem, a canoa, o avião
Tudo darei às mesas anatômicas
Do mastigador de entranhas
*Oswald de Andrade (São Paulo(SP)1890-1954) - em Poesias Reunidas - 1971
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