Soneto 123
De me fazer mudar, não te gabes, ó Tempo.
As pirâmides que de novo construíste
para mim nada têm de novo nem de estranho;
são elas do já visto a imagem disfarçada.
Os dias breves são: deixamo-nos arrebatar
por coisas bem senis, mas dadas como novas, [...]
Desafio a um tempo, a ti e a teus anais:
não me espanta ou me encanta o presente ou o passado;
falsa a tua lembrança e falso o que se vê,
que se aumenta ou reduz por tua presa incessante.
Faço este voto ao qual sempre me apegarei:
Fiel sempre, apesar de ti, de tua foice.
*****
Soneto 77
Ao espelho verás declinar-te a beleza
e a volúvel montra ir-se teu rico tempo;
[...]
As rugas que um sincero espelho mostrará
far-te-ão relembrar a tumba escancarada;
na montra, a hora que foge a ti ensinará
que para a eternidade o tempo a furto avança.
* William Shakespeare - 1564-1616
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