
Às vezes fico dias e dias diante de uma página em branco como se estivesse diante do mar; não consigo pensar em nada, ouço apenas a canção silenciosa das águas ou o barulho da sua turbulência. As palavras, quando querem vêm aos borbotões quase saindo pela boca, como se fossem pular das mãos adiantando-se aos traços do lápis ou aos toques do teclado, aceleram
os batimentos cardíacos, fazem um baticum danado até virem à tona pruma página. Inesperadamente recolhem-se, ficam taciturnas, deprimidas e até chorosas: não querem sair. Tornam-se sombras, invisíveis. Fugidias como as ondas, vão e voltam, mas já não são as mesmas, mudas de roupagem. E cheias de mistérios - talvez a palavra vez ou outra se transforme numa pedra no meio do pensamento e tenha que ficar um bom tempo em frente ao mar pra ver se consegue pular para a página de um caderno!
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