DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

20/05/2012

 A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
Ébrios de se entregar à espuma e aos céus [ imensos.
Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
Impede o coração de submergir no mar
Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
Este papel vazio com seu branco anseio,
Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
  Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas
Ergue a âncora em prol das mais estranhas [ plagas!
Um Tédio, desolado por cruéis silêncios,
Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
E é possível que os mastros, entre ondas más,
Rompam-se ao vento sobre os náufragos, sem [ mas-
Tros, sem mastros, nem ilhas férteis a vogar...
Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do [ mar!

Tradução: Augusto de Campos


Mallarmé, Edouard Manet




BRISE MARINE


La chair est triste, hélas! et j´ai lu tous les [ livres.
Fuir! là-bas fuir ! Je sens que des oiseaux sont [ ivres
D´être parmi l´écume inconnue et les cieux!
Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux
Ne retriendra ce coeur qui dans la mer se [ trempe
O nuits ! ni la clarté déserte de ma lampe
Sur le vide papier que la blancheur défend
Et ni la jeune femme allaitant son enfant
. Je partirai ! Steamer balançant ta mâture,
Lève l´ancre pour une exotique nature!
Un Ennui, désolé par les cruels espoirs,
Croit encore à l´adieu suprême des mouchoirs!
Et, peut-être, les mâts, invitant les orages
Sont-ils de ceux qu´un vent penche sur les [ naufrages
Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles îlots...
Mais, ô mon coeur, entends le chant des [ matelots!

Stéphane Mallarmé, Paris (1842-1898)

6 comentários:

  1. Às vezes, tristemente, nem os pássaros têm asas.
    Beijosss

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  2. Mais tristemente ainda é ter asas e não poder voar!!!

    beijossss

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  3. Ci,
    O ser humano tem a sina de se interrogar perpetuamente, qual suplício de Sísifo...

    Beijo :)

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  4. Cirandeira,



    Partamos, pois [cada qual em sua hora], sem olhar pra trás!




    Mallarmé me remete à postagem sobre Fuentes, na perspectiva de minha leitura de vida-e-obra.

    Ser-escrever.






    Um beijo, amiga.

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  5. Acho tão difícil, Marcelo, mesmo sem olhar pra trás temos uma sombra
    que nos acompanha :)

    beijos, amigo querido!

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  6. Agostinho, esse suplício parece ser
    em vão: são interrogações que não
    têm respostas :)

    beijoss

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