Prometeu sacudiu os braços manietados
e súplice pediu a eterna compaixão,
ao ver o desfilar dos séculos que vão
pausadamente, como um dobre de finados.
Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
uns cingidos de luz, outros ensangüentados...
Súbito, sacudindo as asas de tufão,
fita-lhe a águia em cima os olhos espantados.
Pela primeira vez a víscera do herói,
que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
deixou de renascer às raivas que a consomem.
Uma invisível mão as cadeias dilui;
frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui;
acabara o suplício e acabara o homem.
Joaquim Maria Machado de Assis, Rio de Janeiro, 1839-1908
Deve ter sido um alívio.
ResponderExcluirRenascer às raivas é muito tormento.
Beijosss
METÁFORAS MUY DISIENTES.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Cirandeira,
ResponderExcluirNesta imagem, Machado foi misericordioso.
Um beijo, amiga.