Às vezes, quando vejo o que se passa no mundo, pergunto-me para que escrever? Mas, há que trabalhar, trabalhar. E ajudar o que mereça. Trabalhar como forma de protesto. Porque o impulso de uma pessoa seria gritar todos os dias ao despertar num mundo cheio de injustiças e misérias de toda ordem: protesto! protesto! protesto!
Federico Garcia Lorca, Granada, Espanha (1898-1936)
A gente escreve a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os demais, para denunciar o que dói e compartilhar o que dá alegria. A gente escreve contra a própria solidão e a dos outros. A gente supõe que a literatura transmite conhecimento e atua sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe; que ajuda a nos conhecermos para nos salvarmos juntos... A gente escreve, em realidade, para a pessoa com cuja sorte ou má sorte nós nos sentimos identificados, os maldormidos, os rebeldes e os humilhados desta terra, e a maioria deles não sabe ler.
Eduardo Galeano, Montevidéu, Uruguai ( 1940- )
Por que é que eu escrevo? Pode ser por atavismo. Eu sei que não é uma boa resposta. Mas há uma resposta precisa para um sujeito tão impreciso? Todo ser que escreve tem, para esta loucura da escrita, razões públicas e privadas, e mesmo ignoradas por ele, que não lhe serão jamais conhecidas. E de um escriba para outro, essa gama de motivações atinge quase o infinito. Resta a escrita e nela a partícula da multidão que cada um é, mas com a multidão interior, parcelas de verdade, mas com a verdade dentro de cada um de nós. Como cada gota do mar com o mar dentro... Eu escrevo para tentar conhecer o outro, os outros, meus semelhantes, pois é apenas através deles que eu me conheço.
Augusto Roas Bastos, Assunción, Paraguai ( 1917-2005)
Coleção Mistérios da Criação Literária, Organização de José Domingos de Brito - Novera
ES MUY COMPLEJA LA PREGUNTA. TIENE DEMASIADAS RESPUESTAS.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Um post muito pertinente, Ci!
ResponderExcluir(Que diabo, por que será que eu tento escrever? Vou pensar nisso)
Beijo :)
Amei o post! Grata por nos trazer a reflexão de escritores fabulosos sobre o ato da escrita.
ResponderExcluirbjs,
Marcela.
É preciso, sim, ouvir essas vozes, como eco de nosso silêncio aturdido, tantas vezes. De algum modo, elas nos acalentam. Quanto a mim, lembro do Manoel de Barros e digo que adoro inutilidades.
ResponderExcluirBeijos, Ci, grande post!
Uma bela selecção, sim senhor!
ResponderExcluirBeijinho para si!
Inundada...
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