Irene Sheri
Nem todo o corpo é carne...
Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?
E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor...
Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memóra o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!
David Mourão-Ferreira, Lisboa, (1927-1996) - poeta, escritor, ensaísta, tradutor e dramaturgo.
Perfeito teu blog! Parabéns!
ResponderExcluirVem conhecer o meu: leiakarine.blogspot.com
UN TEXTO QUE RUBRICA DE QUÉ ESTAMOS HECHOS. GRACIAS POR COMPARTIR.
ResponderExcluirUN ABRAZO
Aproveito o ensejo para lhe desejar
ResponderExcluirBom fim de semana!
Saudações poéticas!