E descobriu os enormes espaços gelados que ele tem em si, apenas interrompidos por um ou mais blocos de gelo. Espelho é frio e gelo. Mas há a sucessão de escuridões dentro dele - perceber isso é instante muito raro - e é preciso ficar à espreita dias e noites, em jejum de si mesmo, para poder captar e surpreender a sucessão de escuridões que há dentro dele. [...] É preciso entender a violenta ausência de cor de um espelho para poder recriá-lo, assim como se recriasse a violenta ausência de gosto da água.
Não, eu não descrevi o espelho - eu fui ele. E as palavras são elas mesmas, sem tom de discurso.
Clarice Lispector, em Água Viva.
Tentei já duas vezes comentar. Tomara vá agora.
ResponderExcluirReli Água Viva nem sei quantas vezes. Amo tudo de Clarice, mas Água Viva é líquido, como eu...
Beijos, querida, sempre postagens escolhidas com muita sensibilidade.
UN TEMA MARAVILLOSAMENTE GESTADO.
ResponderExcluirUN ABRAZO