o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
Arnaldo Antunes
Ele é maravilhoso, não, Ci? Sou fã. Ah, mas queros também versos teus...:-)
ResponderExcluirBeijos
Poetaço, a verve sabe a que veio!
ResponderExcluirBeijo, Cirandeira*
arnaldo antunes é poeta. o lance dele com a música eu não consigo captar, absorver...
ResponderExcluirmas o poeta é capaz de momentos como este.
beijão,
r.