Nosso cérebro é uma máquina complexa e perfeita. Sua formação acontece após três semanas da concepção do feto com cerca de 100 bilhões de células repletas de conexões que vão se formando a cada estímulo, criando as mais diversas imagens. A porta de entrada para essas imagens é exatamente o buraco negro que há no centro do olho, nossa lente natural: o cristalino. É através dele que passam os raios luminosos. A luz atinge o fundo do olho, a retina, onde existe uma verdadeira floresta com aproximadamente 125 milhões de células sensíveis à luz; cada uma dessas células capta um pouquinho do que vemos enviando essa informação para o cérebro, que por sua vez organiza esses fragmentos de informações para montar a imagem completa. Esse processo tem início ainda no útero da mãe, quando o bebê tenta enxergar, mas só vê em preto e branco. Após o nascimento surgem as células específicas para detectar as cores. Elas agrupam-se numa área da retina, que tem o formato de um vulcão: é a mácula, que ficará pronta a partir dos 4 anos de idade, quando então a visão atinge o máximo de nitidez e flexibilidade.
E por quê todos esses prolegômenos? Por uma razão muito simples, porque é básica, e como tal é essencial. Como é possível admitirmos, aceitarmos ser invadidos, desrespeitados todos os dias de nossas vidas por programas televisivos de tão baixo nível? A Constituição Federal, em seu Art.21, Inciso XVI, diz, com todas as letras: "Programas que incitam a violência e estimulam a sexualidade precoce, não contribuem para o enriquecimento cultural da população. O ministro Antônio de Pádua Ribeiro, do Superior Tribunal de Justiça também acrescenta: "O direito à liberdade está no mesmo plano constitucionalmente assegurado, como a difusão de programas educativos, artísticos e informativos e o respeito a valores éticos e sociais da pessoa e da família. [...] Eventuais restrições à liberdade de expressão nada teriam de autoritário ou arbitrário ao respeitarem o direito alheio."
Expor garotas jovens, seminuas, a exibirem seus traseiros como fazem os açougueiros com os traseiros bovinos em seus frigoríficos é algo artisticamente belo e dignificante para as mulheres, ou para qualquer ser humano que se preze? Utilizar mulheres negras (e nordestinas!?) com dificuldade de articular palavras, gagas, acrescenta alguma coisa além de preconceitos e falta de respeito à dignidade humana? Ter defeitos físicos é motivo pra rir, fazer galhofa, ridicularizar uma pessoa?
Por quê não se vê um programa que nos mostre a diversidade de nossa cultura popular, da nossa literatura, de nossos poetas, de nossa cultura indígena?
É isso que chamam de "liberdade de expressão"? Liberdade de expressão de quem? Pra quem? Não somos obrigados a aceitar esses tipos de programas, afinal de contas, somos cidadãos que pagamos impostos, e todos esses programas são concessões financiadas por nós, brasileiros, eleitores. E não é só uma questão de usar o controle remoto e mudar de canal, porque a maioria esmagadora desses programas são de péssima qualidade!
Chega de permitir que o pânico invada as nossas casas. Já temos manipulação de "notícias" ancoradas por marinheiros piratas de paletós e gravatas. Sem contar (ainda por cima!), com as inumeráveis vinhetas de politiqueiros a nos infernizarem com suas mentiras, diuturnamente!
Temos um cérebro refinadíssimo, que pensa, analisa, critica, e em perfeitíssimas condições de distinguir o que é bom, saudável e inteligente.
NÃO MERECEMOS e NÃO QUEREMOS esse tipo de mídia!
Temos um cérebro refinadíssimo, que pensa, analisa, critica, e em perfeitíssimas condições de distinguir o que é bom, saudável e inteligente.
NÃO MERECEMOS e NÃO QUEREMOS esse tipo de mídia!