Edvard Munch
enquanto as pessoas lutam pela vida lá fora, aqui dentro tudo prestes a explodir cacos de vidro o teto a cabeça desabando vou escrevendo o que me dá na telha; da cumeeira vão escorrendo letras fonemas cascas de palavras moídas remoídas entrando e saindo no vaivém desenfreado do moinho de vento triturando os miolos que saltam das entranhas como flocos de algodão cozido numa panela de barro em fogo brando como a cinza das horas; fagulhas de memória do passado do agora do amanhã de manhã o sol pela fresta da janela de uma casa vazia que ninguém merece uma malvadeza dessas que andam por aí arrotando beleza cantando primavera em pleno inverno infernizando vidas solapando os verões dos pés descalços em pleno sertão da aridez lamacenta e insalubre povoada de bocas sem dentes sem vez sem palavra sem voz - ô criatura chata reclama de tudo - olha pro céu meu amor como é lindo cheio de estrelas com uma lua a derramar raios prateados sobre o pranto caudaloso dos homens que aqui gorjeiam mas não gorjeiam como lá na minha casa de papelão os pássaros cantam e cagam sobre minha cabeça debaixo de uma árvore ou sob um viaduto e todos os poetas costumam mentir dizem que é pra afugentar a tristeza! vai estudar criatura aprender a ler escrever poesia pra ninar as criancinhas abandonadas viciadas em craque destruindo suas vidas e dos que atravessarem seu caminho de pedras a preço de um real vai criatura! deixa de ser resmungona fecha essa matraca e vai pra orlando com teus filhos conhecer tio patinhas de perto com seu saco cheio de moedas de ouro de tolo apresentar tua filhinha à branca de neve quem sabe ela aprenda a conquistar um daqueles anões eunucos casa-se com ele e vivem felizes pelo menos por sete meses ;bruxa feiticeira te odeio porque carregas contigo o segredo de tuas poções o mistério da criação o poder da transparência e da transformação porque és diferente e semelhante ao mesmo tempo e eu não gosto dos teus espelhos quanto mais os quebro entrevejo as múltiplas faces que possuo ;disseminas a luta entre anjos e demônios estimulas a mudança obrigas-me a pensar e não quero pensar quero permanecer onde estou olhando pro meu umbigo mirando a imagem que me ensinaram a representar ainda mais agora com tanta tecnologia avançada não preciso de ninguém faço os meus joguinhos tenho um celular superhiperavançado iped iphone tablet et caterva que não me preenchem me iludem e me despem em escala planetária - isso é bobagem - é alienação narcísica uma flor tão bela brotou daquele lago ai que coisa mais linda mais cheia de graça esse abjeto objeto do desejo de tantos homens procurando a bonequinha barbie inflável ai iô iô eu nasci pra sofrer olhei pra você vi que o buraco é bem mais abaixo da linha do equador sabe aquela linha imaginária criada pelos invasores disputando terras supostamente desabitadas? pois nós estávamos lá não sabias ? pois pois, por mares nunca dantes navegados quem “descobriu” o Brasil foi eu foi você ou foi o rabo do tatu? Rarara
Un soliloquio loco, cargado de irónica cordura. Los niños ya no se creen los cuentos y menos los que tienen finales felices.
ResponderExcluirCada cual adapta la historia según le va. Y en medio de esas adaptaciones se manosea la verdad, la verdad que nadie quiere oír.
Un beso,
UFFFF. AL FINAL LA REALIDAD ES A VECES FATAL.
ResponderExcluirABRAZOS