Cláudia Alexandra Manta
Uma colmeia de línguas atravessa a garganta desce esofagicamente por desfiladeiros escorregando pelas grutas verbais, entre serpentes que sinuosamente se escondem em labirintos de braços linguísticos desconhecidos:
língua-de-gato, língua-de-vaca, língua suja, língua de trapos, língua-de-porco,
língua pura, língua podre, língua-pátria, língua preta, ioruba, língua tupi-guarani, amarela, azul e verde, língua árabe, apátrida, afiada, malcriada,
sibilina. Com quantas vozes se faz uma língua? De boca em boca nutre corpos
distorce palavras, desfaz acontecimentos, revela fatos, alimenta ideias e ideais,
difunde opiniões, pensamentos e descobertas; desmancha mentiras, constrói a história dos povos.
Quem você pensa que é?
Quem você pensa que somos?
Abra a boca.
Mostre sua língua, e diga: Ah! Diga B, diga C, diga o que lhe vier à cabeça!
Rasgue o verbo, a gramática normativa, as regras, a censura imposta sub-repticiamente. Solte sua língua, deixe-a voar com os pássaros, atravesse
os oceanos, os vales, as montanhas. Conheça outros falares.
Navegue pelo inesgotável universo da Língua!
Rasgue o verbo, a gramática normativa, as regras, a censura imposta sub-repticiamente. Solte sua língua, deixe-a voar com os pássaros, atravesse
os oceanos, os vales, as montanhas. Conheça outros falares.
Navegue pelo inesgotável universo da Língua!