Um pardal atravessou o raio de sol numa linha enviesada, pousou no parapeito da janela e inclinou a cabeça para mim. O olho era redondo e reluzente. Primeiro ele me olhava com um olho, e zás! virava o outro, a garganta latejando
mais rápido que qualquer pulso. Começou a dar a hora cheia. O pardal parou de
trocar de olhos e ficou me observando fixamente com um olho só, até que o
carrilhão parou de bater, como se também estivesse prestando atenção nas
batidas. Então bateu asas e desapareceu.
Demorou algum tempo até a última batida parar de vibrar. Ela permaneceu no
ar, mais sentida que ouvida, por um bom tempo.
William Faulkner (Mississipi(EUA)1897-1962) em O som e a fúria
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