Era uma vez um homem que, em vez de uma cabeça, tinha uma abóbora oca sobre os ombros.Com ela,não
podia ir muito longe.E, no entanto, queria ser sempre
o primeiro. Era desse tipo! Em lugar da língua uma folha de carvalho pendia-lhe da boca, e os dentes tinham sido talhados a faca. Em vez de olhos tinha apenas dois buracos redondos. Atrás dos buracos, chamejavam dois tocos de velas. Eram seus olhos. Com eles, não via muito longe. E, no entanto, dizia que seus olhos eram os melhores que havia, o fanfarrão! Sobre a cabeça levava um chapéu alto; tirava-o quando alguém se dirigia a ele, era gentil a
esse ponto.Então, um dia, saiu a passear.Mas o vento
soprava tão forte que apagou seus olhos. Ele quis acendê-los de novo, mas não tinha fósforos. Aí, começou a chorar com seus restinhos de vela,porque
não tinha mais como encontrar o caminho de casa. Sentado, pois, ele segurou sua cabeça de abóbora com as duas mãos e quis morrer. Mas não conseguiu morrer assim tão facilmente. Antes, veio um besouro e comeu a folha de carvalho que pendia de sua boca. Antes, veio um passarinho que, com o bico, abriu um buraco em seu crânio de abóbora. Antes, veio uma criança e tomou-lhe os dois tocos de vela. Depois, então, ele pôde morrer. O besouro segue comendo a folha, o passarinho continua bicando e a criança ainda brinca com as velinhas.
Robert Walser nasceu em Biel, na Suíça, em 1878
e faleceu em 1956 numa clínica psiquiátrica de Berna. É autor de Os irmãos Tanner, O ajudante e
Jakob von Gunten, além de vários volumes de prosas
curtas e inúmeros textos publicados em jornais e revistas.
Cuanto tiempo que no pasaba por aquí. Hoy lei con placer bastantes de los post publicados y quise comentar en este cuento tan tierno, surrealista y especial, que me ha encantado.
ResponderExcluirHoje tive mais esforço para ler, por isso devo continuar a vir aqui para não esquecer o prazer de ler e desfrutar da sua bela linguagem e dos conteúdos do seu blog.
Un abrazo,