Há quem diga que as paredes têm ouvidos; que quem não se manifesta se esconde ou concorda com o que está posto. Também dizem que falar sozinho é sinal de loucura. Tanta coisa é dita por esse desmundo... Nesses tempos de pandemia e pandemônios muitos castelos (de areia) estão desmoronando. Se estás a sós entre quatro paredes, o que te resta senão conversar com elas? Se te escutam não sei, pois nada dizem - ecoam em teus ouvidos repetidas vezes para, quem sabe, encontrares uma resposta por esforço próprio. O silêncio pode, num primeiro momento, ser assustador. Nem sempre calamos por vontade deliberada, por opção; calamos para melhor refletir, ouvir a si mesmo ou a outrem. E, quando por motivos alheios à nossa vontade, dialogamos a sós, temos a rara oportunidade de trocar ideias com nosso múltiplos eus, de perceber como somos contraditórios e cheios de imperfeições. Nossos eus podem ser comparados aos livros que lemos; estabelecemos uma ampla conversação com seus autores, seus personagens, sem interagir vivamente com eles. E como podemos aprender... Tenho uma infinita legião de amigos com quem posso monologar à vontade!
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