Capricho
Por trás de cada espelho
há uma estrela morta
e um arco íris menino que dorme.
Por trás de cada espelho
há uma calma eterna
e um ninho de silêncios
que não voaram.
O espelho é uma múmia
do manancial, se fecha
como concha de luz,
através da noite.
O espelho
é a mãe-orvalho,
o livro que deseja
os crepúsculos, o eco feito carne.
(Federico Garcia Lorca, 1898-1936 - Granada, Espanha)
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Quero o poema
terra-a-terra,
o poema raso,
o poema vil,
o poema vivo,
o poema-víbora,
o poema
fácil e fatal,
louco e lindo
feito o bem sobre o mal.
(Alberto da Cunha Melo, Jaboatão dos Guararapes-PE, 1942-2007)