DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

04/02/2022

Desloucura, ou aporeticamente falando

 



Liberdade é ter asas de origami disfarçada de pássaro; é poder soltar gritos aprisionados nas catacumbas, nos porões das catedrais medievais cujos sinos emudeceram. São as garras da quimera enterradas no horizonte; é uma chita estampada em muitas cores entrelaçadas com fios pretos, dourados, prateados, forrada com estopa. Liberdade é pau, é preto, é pedra, é branco, amarelo, é pardo, é o verde das matas; é correr, é dançar, cantar, chorar e sorrir, espernear, é protestar. É ter a cabeça cheia de sonhos revelados, lembranças esquecidas; é ter pesadelos que se tornam realidade. É violência, espancamentos, perversão, racismo e xenofobia. Liberdade é o escancaro da porta da caixa de Pandora, é o salve-se quem puder! É o fardo ancestral que supõe-se amar, mas que em nome dela matamos. É fartura para uma minoria, e fome para a maioria.

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