É a vaidade, Fábio, nesta vida,
rosa, que de manhã lisonjeada,
púrpuras mil, com ambição dourada,
airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
florida galeota empavesada,
sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza
com presunção de Fênix generosa,
galhardias apresta, alentos preza.
Mas, ser planta, ser rosa, nau vistosa
de que importa, se aguarda sem defesa
penha a nau, ferro, planta, tarde a rosa?
Gregório de Matos, advogado e poeta nascido em Salvador(BA), no século XVII(1636-1696), no primeiro período literário denominado barroco no Brasil. Não tinha "papas na língua", usava e abusava de metáforas e antíteses, não poupando os poderosos da época, e por isso ficou conhecido como o "Boca do inferno". Acabou sendo preso e deportado para Angola(África). Posteriormente, conseguiu sua liberdade sob a condição de nao mais voltar a residir em Salvador. Faleceu em Recife(PE).
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