Urgentemente
É urgente o Amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o Amor.
É urgente permanecer.
***
Frente a frente
Nada podeis contra o amor,
contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!
***
É na escura folhagem do sono
que brilha a pele molhada,
a difícil floração da língua.
* O poeta Eugênio de Andrade nasceu em Fundão(Portugal), em 1923 e faleceu em 2005.
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