Amapá - "Macabas"
DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)
Arder na água, afogar-se no fogo.
O mais importante é saber atravessar o fogo.
04/02/2009
Hilda Hilst /Zeca Baleiro, preparação para gravação do poema "Júbilo Memória Noviciado da Paixão" CD gravado pelo compositor maranhense

Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
propor que viagem? Reis, ministros
e todos vós, políticos,
que palavra além de ouro e treva
fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
o que sabeis da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
e os nossos ossos
e o sangue das gentes
e a vida dos homens
entre os vossos dentes.
"Poema aos homens do nosso tempo" - Hilda Hilst, poeta, ensaísta, dramaturga, nasceu em Jaú(SP) em 21 de abril de 1930 e faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004.
03/02/2009
- Como, você por aqui, meu amigo? Você num lugar de má fama? Você, o bebedor de quintessências! Realmente surpreende-me.
- Meu amigo, você conhece meu pavor por cavalos e carruagens. Há pouco, enquanto atravessava a rua com pressa, saltando na lama, através desse caos em movimento, aonde a morte chega a galope de toda a parte, ao mesmo tempo, minha auréola, devido a um movimento brusco, deslizou-me da cabeça e caiu na lama do asfalto. Não tive a coragem de apanhá-la. Considerei menos desagradável perder minhas insígnias do que estraçalhar todos os meus ossos. E, ademais, disse-me, a desdita tem sua utilidade. Agora posso passear incógnito, cometer ações vis e entregar-me à libertinagem como simples mortal. Eis-me aqui, tal como me vê, idêntico a você.
"Perda da auréola", extraído de Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (1821-1867)
- Meu amigo, você conhece meu pavor por cavalos e carruagens. Há pouco, enquanto atravessava a rua com pressa, saltando na lama, através desse caos em movimento, aonde a morte chega a galope de toda a parte, ao mesmo tempo, minha auréola, devido a um movimento brusco, deslizou-me da cabeça e caiu na lama do asfalto. Não tive a coragem de apanhá-la. Considerei menos desagradável perder minhas insígnias do que estraçalhar todos os meus ossos. E, ademais, disse-me, a desdita tem sua utilidade. Agora posso passear incógnito, cometer ações vis e entregar-me à libertinagem como simples mortal. Eis-me aqui, tal como me vê, idêntico a você.
"Perda da auréola", extraído de Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (1821-1867)
02/02/2009
Lugar sem comportamento é o coração.
Ando em vias de ser compartilhado.
Ajeito as nuvens no olho.
A luz das horas me desproporciona.
Sou qualquer coisa judiada de ventos.
Meu fanal é um poente com andorinhas.
Desenvolvo meu ser até encostar na pedra.
Repousa uma garoa sobre a noite.
Aceito no meu fado o escurecer.
No fim da treva uma coruja entrava.
....................................................
Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas.
"Auto-retrato falado" - Livro das Ignorãças-1993
Manoel de Barros (1916- )nasceu em Cuiabá-MT. Atualmente mora em Campo Grande(MS)
01/02/2009
a liberdade repousa num sono secundário
entre o lado canhoto da vaidade
e o beco sujo de uma rua
sem poesia
para despertá-la de sua hibernação
é preciso
(primeiro)
limpar a sujeira da vaidade
(depois)
cantar hinos de louvor
numa cela sem grades
Cárcere Ideológico - Linaldo Guedes, poeta e ensaísta, nasceu em Cajazeiras(PB). É autor de "Os Zumbis também escutam blues e outros poemas".
entre o lado canhoto da vaidade
e o beco sujo de uma rua
sem poesia
para despertá-la de sua hibernação
é preciso
(primeiro)
limpar a sujeira da vaidade
(depois)
cantar hinos de louvor
numa cela sem grades
Cárcere Ideológico - Linaldo Guedes, poeta e ensaísta, nasceu em Cajazeiras(PB). É autor de "Os Zumbis também escutam blues e outros poemas".
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