Narciso: o mito, a flor e o Homem

Segundo a mitologia grega, Narciso, ou o Auto-Admirador, possuía tamanha beleza, que logo ao nascer, o advinho Tirésias teria dito que sua vida só seria longa se jamais contemplasse sua própria figura. Tornou-se famoso não apenas por sua beleza, mas por seu orgulho e vaidade. Existem várias versões para esse mito(do qual derivou-se o termo narcisismo), entre elas, a de que teria sido amaldiçoado pelos deuses e condenado a apaixonar-se pela primeira imagem sobre a qual pousasse o olhar. Um dia, ao passear pelos campos, avistou uma lagoa, dela aproximando-se. Ao ver seu rosto refletido no espelho da água, apaixonou-se imediatamente por si mesmo: inclinou-se cada vez mais sobre seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e afogando-se, pois não sabia sequer nadar. Algum tempo depois, nasceu uma flor naquele local, à qual deram o nome de narciso, para homenageá-lo.

Narciso, de Michelangelo Caravaggio

Esse mito exerceu forte influência sobre poetas, desde Ovídio há 2 mil anos em sua "Metamorfoses"- livro III, sobre André Gide, Oscar Wilde, John Keats, pintores como Michelangelo Caravaggio, Nicolas Poussin, William Turner, Salvador Dali e Waterhouse. Foi a partir dele que Sigmund Freud, o fundador da Psicanálise, desenvolveu seus estudos sobre o narcisismo, dando uma grande contribuição para o conhecimento da mente humana. Podemos citar também como exemplo, "Sampa" , uma música de Caetano Veloso, onde ele diz:

"[.]

Quando eu te encarei frente, não ví o meu rosto.

Chamei de mau gosto o que ví, de mau gosto o mau gosto.

É que Narciso acha feio o que não é espelho,

e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho...

Nada do que não era antes quando não somos mutantes.

E foste um difícil começo, afasto o que não conheço...

[.]"