Foto: Irmãos Lumière (1904)
Poema 4
Coisas que guardamos
Sempre: antes fitas e cartas, bocados de ternura,
Lembro-me: a minha avó e um caracol louro de mim criança
Evanescentes as coisas que guardamos,
Às vezes encontrá-las por gavetas, às vezes na memória,
Invenções tantas só para mais ninguém: o meu diário
Encapado num papel de flores, passeando na pasta
Em sólido trajecto
Coisas guardadas como essa,
Há curto tempo, tão bonita que pensei outra vez:
Só para mais ninguém, que assim a comoção é minha só
E me posso espantar de cada vez que a lembro
Enquanto estão assim,
Elas são nossas, as coisas que guardamos:
Intactas, a apetecer dizer incólumes,
Por comovidas gavetas e memórias
Ana Luísa Amaral, poeta portuguesa, doutora em Literatura Inglesa, professora da Universidade do Porto, em Portugal.
se siente ese argumento de vida plena.
ResponderExcluirun abrazo
LIndo poema,mas que imagem perfeita!
ResponderExcluirBjs!
Você sempre nos traz imagens lindas
ResponderExcluirdessas pequenas maravilhas que ponteiam
nossos dias - mesmo que não percebam.
Um dia a poesia será ainda mais gratuita,
saíram dessas páginas coloridas e ganharão
as ruas, e então, as minhas, as suas
mãos dançarão riscando canções de alegria!
Saudações! Tau!
Lindo poema sobre a memória, um dos mais fascinantes e comoventes temas da vida.
ResponderExcluirNão conhecia esse texto. Que belos pretéritos!
ResponderExcluirBjs, bom fim de semana, e inté!
Olá!
ResponderExcluirEssas fotos coloridas dos irmãos Lumiére realmente são muito legais! Outro dia recebi uns slides dessas fotos e adorei... combinou perfeitamente com a poesia.
Bjão!