A loucura é a grandeza dos simples:
assim são eles mais do que eles,
colhendo flores brancas e reles.
Os doidos, de olhos arregalados,
crescem devagar como as árvores:
só não dão folhas e frutos.
Amo as suas frases sem sentido:
dobram nelas os sinos abstractos
de um campanário sem janelas.
Dai-me ó loucos, a vossa razão
- esses remos de subir o tempo
até à fonte de um deus obsceno e nu.
Nuno Júdice, Lisboa, (1949 - )
Eis um poema que bem posso fazer de oração.
ResponderExcluirDai-me ó loucos, a vossa razão
- esses remos de subir o tempo
até à fonte de um deus obsceno e nu.
Amém!
Maravilhooooso!
Beijos,