DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

20/11/2013

As muralhas da noite

 
 

A mão ia para as costas da madrugada
As mulheres estendiam as janelas da alegria
nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.
Entre os dentes do mar acendiam-se braços.
Os dias namoravam sob a barba do espelho.
Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.
E da chuva de barcos chegavam colchões, camas, cadeiras,
 manadas de estradas perdidas
onde cantavam soldados de capacetes
por pintar no coração da meia-noite.
Eram os barcos que guardavam as muralhas
da noite que a mão ouvia nas costas da madrugada
 entre os dentes do mar.
 
 
João Maimona, Angola

2 comentários:

  1. Joao Maimona, um dos meus poetas favoritos...
    Obrigado pela postagem.
    kandandu

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  2. Bacan, eu não o conhecia, até ler outro dia um texto que o citava, e fui ler, li muita coisa formidável!

    Beijos, Ci

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