Ou júbilo congelado,
que colecionei, colecionei de amostra.
Os copos sobre minha prateleira
gostam de luz lateral; nem todos em vidro da Boêmia.
Todo dia, dois são especiais.
Tanto amor prestes a virar caco.
Fôlego lá do fundo, que não quebrou.
Assim sobrevive anônimo.
Ar e sua mais-valia:
os sopradores de vidro, lê-se, não ficaram velhos.
***
Três perguntas
Como posso,
onde o horror deveria fundir-se em chumbo,
rir,
já rir no café da manhã?
Como poderia
onde cresce lixo, somente o lixo,
falar de Ilsebil, porque ela é bonita,
e falar sobre a beleza?
Como querer,
lá onde a mão sobre a foto
fica até o fim sem arroz,
escrever sobre a cozinheira;
de como ela recheia gansos cevados?
Os fartos entram em greve de fome.
O lixo bonito.
É de morrer de rir, isso.
Procuro uma palavra para vergonha.
Günter Grass, em O Linguado