Ruina maia, Guatemala
Interrogamo-nos sobre o nosso tempo. Essa interrogação não se exerce em momentos privilegiados, ela se realiza sem trégua, ela própria faz parte do tempo, ela o fustiga à maneira insistente do próprio tempo. É apenas uma interrogação tênue, uma espécie de fuga. No ruído de fundo que constitui o saber do curso do mundo e por intermédio do qual ele precede, acompanha, segue em nós todo o saber, projetamos, acordados, adormecidos, frases ritmadas como questões. Questões sussurrantes. Qual é o seu valor? O que dizem? São ainda questões.
De onde vem esta preocupação com o questionar, e a grande dignidade atribuída à questão? Questionar é buscar, e buscar é buscar radicalmente, arrancar. Esse arrancar de raiz é o trabalho da questão. Trabalho do tempo. O tempo se busca e se experimenta na dignidade da questão. O tempo é a virada do tempo. À virada do tempo corresponde o poder de se tornar questão, palavra que antes de falar, questiona pela maneira de ser da escrita. [........................]
Interrogamo-nos sobre o nosso tempo. Essa interrogação tem seus traços próprios. Ela é insistente e não podemos, nem por um instante, prescindir de interrogar. (...) Ela interroga o nosso tempo que a carrega. Enfim, interrogamo-nos interrogando esse tempo.
Maurice Blanchot, em A Conversa Infinita -Editora Escuta
(Eles) fizeram deste tempo um tempo sem tempo. Há que reinventar o tempo, encontrar a sua justa medida.
ResponderExcluirUm beijo , Ci! :)