Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas
Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronômica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. os olhos contra
as artes do fogo.
Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.
Em Ofício Cantante - Poesia Completa, Assírio & Alvim
Aos amigos
Amo devagar os amigos que são tristes,
como cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem
e estão sentados
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder
para toda a eternidade.
Não os chamo
e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro,
construímos um lugar de silencio.
De paixão.
***
...uma espuma de sal bateu-me alto na cabeça
nunca mais fui o mesmo,
passe por todos os mistérios simples,
e agora estou tão humano: morro
às vezes ressuscito para fazer uma grande surpresa a mim mesmo (...)
Herberto Helder nasceu em Funchal (Ilha da Madeira) em 1930 e faleceu ontem, dia 23.03.2015 em Cascais, Portugal
POEMAS CON MUCHO CONTENIDO. GRACIAS POR COMPARTIR.
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