Gerard Richter
Em uma tela sem tamanho
vi o teu retrato.
Olhos parados, perdidos no espaço,
ansiando o infinito; olhos grandes
e tristes escondendo da face
as lágrimas que sentiam
e não deixavam rolar.
Olhos tristes que indiferentes às
rugas do rosto fingiam um sorriso
para enganar a máscara do tempo.
Senti a ânsia do teu olhar,
em sais correndo pelas ruas
e abraços ao primeiro que
encontrasses no desejo incontido
de fugir da angústia.
Senti o teu medo, teu pavor
de se perder no espaço e
como planeta vagante
nunca mais encontrar-se com o fim.
Senti no teu olhar o cofre
dos teus segredos a querer
vomitar o teu tempo.
Ouvi o grito cortado dos
teus lamentos; ouvi
os teus gemidos, senti a tua
angústia, sofri a tua dor.
Espero um novo teu retrato.
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