A área de serviço é senzala moderna,
Tem preta eclética que sabe ler "start"
"Playground" era o terreiro a varrer.
Navio negreiro assemelha-se ao ônibus cheio
Pelo cheiro vai assim até o fim-de-linha;
Não entra no novo quilombo da favela.
Capitão-do-mato virou cabo de polícia,
Seu cavalo tem giroflex (rádio-patrulha).
"Os ferros", inoxidáveis algemas.
Ração pode ser o salário mínimo,
Alforria só com aposentadoria
Lei dos sexagenários).
"Sinhô" hoje é empresário,
A casa-grande verticalizou-se.
O pilão está computadorizado.
Na última página são "flagrados" (foto digital)
Em cuecas, segurando a bolsa e a automática:
Matinal pelourinho.
A princesa Áurea canta,
Pastoreia suas flores.
O rei faz viaduto com seu codinome.
Quantos negros? Quanto furor?
Tantos tambores... tantas cores...
O que comparar com cada batida no tambor?
A escravidão não foi abolida; foi distribuída entre os pobres.
Luís Carlos Oliveira é mineiro, mora em Salvador(BA). É autor do livro de poemas Calo ou falo - Editora Writers, São Paulo, 2000.
***
Esse pixaim é uma sarna, que não me deixa sossegar!
Ele é um escudo e uma arma - por ele comecei a lutar.
É...ele me assusta e encoraja,
com jeito persistente, rude e firme
ele faz com que eu reaja.
Ele é mesmo uma "mola", eu reconheço,
aquela que me impulsiona
e me incita todos os dias ao recomeço;
que me exime, liberta e redime,
e sempre e sempre me emociona!
Ah, esse pixaim não me dá trégua:
"- Vai nega, vai nega, não se entrega!"
Lina Efigênia Barnabé Cruz (São Paulo)
não se entrega. como corisco, de lampião.
ResponderExcluirsaudade de estar aqui.
beijão
r.