Como se de papel fosse a pele
o vento a levaria para um livro.
Como se de pano fosse o corpo
a chuva o encharcaria, no solo
brotariam ideias, sementes.
Chover no molhado: redundâncias
elucubrações inquietações dúvidas.
O ser inteiro - um quarto escuro
com janelas e portas
abertas, ou não.
Um labirinto imprevisível
impenetrável.
Como o quarto o corpo a mente:
trancado=embrutecido
aberta=transformação.
Por que não brilham mais
as estrelas?
Estariam a espiar-nos?
Soltar a imaginação é como tentar abrir a porteira
de uma jaula cheia de feras, umas mansas, outras
enraivecidas por estarem presas. Para abrí-la é
necessário coragem, correr riscos. Há o medo, mas
há também o desejo de ver o que aconteceria!
As feras existem independente da jaula; se estão
livres no campo, no pasto, não estouram, não atacam; se presas, quem abri-la poderá ser esmagado.
Quanto mais tempo mantidas na jaula, maior será a
possibilidade de irromperem abruptamente.
Como as feras, a imaginação existe para ser livre!
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