No meio dos galhos de uma árvore bem alta um galo estava empoleirado e cantava a todo o volume. Sua voz esganiçada ecoava na floresta. Ouvindo aquele som tão conhecido, uma raposa que estava caçando se aproximou da árvore. Ao ver o galo lá no alto, a raposa começou a imaginar algum jeito de fazer o outro descer. Com a voz mais boazinha do mundo, cumprimentou o galo dizendo:
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Ó meu querido primo, por acaso você ficou sabendo da proclamação de paz e harmonia universal entre todos os tipos de bichos da terra, da água e do ar? Acabou essa história de ficar tentando agarrar os outros para comê-los. Agora vai ser tudo na base do amor e da amizade. Desça para a gente conversar com calma sobre as grandes novidades!
O galo, que sabia que não dava para acreditar em nada do que a raposa dizia, fingiu que estava vendo uma coisa lá longe. Curiosa, a raposa quis saber o que ele estava olhando com ar tão preocupado.
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Bem – disse o galo –, acho que estou vendo uma matilha de cães ali adiante.
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Nesse caso é melhor eu ir embora – disse a raposa.
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O que é isso, prima? – disse o galo. – Por favor, não vá ainda! Já estou descendo! Não vá me dizer que está com medo dos cachorros nesses tempos de paz?!
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Não, não é medo – disse a raposa –, mas ... e se eles ainda não estiverem sabendo da proclamação?
Fábula de Esopo - Tradução de Heloísa Jahn. São Paulo. Companhia das Letrinhas.
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