A chuva cai lenta e suave sobre as ruas da cidade deserta e silenciosa; todos estão isolados em suas ilhas domésticas.
Continuo trabalhando na construção do meu barco de papel, e me perguntando para onde foram os que moravam nas ruas, ao relento; como estarão os que vivem amontoados em cubículos, em barracos, em favelas, sem ter o que comer? Sem ter como proteger-se desse coronavírus?
O choque entre as nuvens anuncia que vem barulho por aí; temporariamente não poderemos consumir; a montanha de consumos supérfluos que inventamos está desabando, o dinheiro acumulado não tem sido suficiente para comprar a vida. Vale a pena tanto desperdício? Somente o medo da morte é capaz de deter essa corrida desenfreada para o "progresso".
Silenciosa, sutil e imprevisível, "a indesejada" está sempre ao nosso lado, desde o dia em que nascemos. Mas a ignoramos, por medo. E quando o medo nos domina somos capazes de tudo, até de nos autodestruir, de agredir os que nos cercam, de destruir o meio ambiente, pensando que agindo desta maneira seremos poderosos, invencíveis. E no entanto, um minúsculo e invisível vírus pode nos destruir a todos em pouquíssimo tempo...
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