DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

08/01/2009

Em 10 de maio de 1933, em Berlim, diante das câmeras, o ministro da propaganda
Paul Joseph Goebbels discursou durante a queima de mais de 20 mil livros para
uma multidão entusiasmada de mais de 100 mil pessoas: "Esta noite vocês fazem
bem em jogar no fogo essas obscenidades do passado. Este é um ato poderoso,
imenso e simbólico, que dirá ao mundo inteiro que o espírito velho está morto.
Destas cinzas irá se erguer a fênix do espírito novo". Um menino de doze anos,
Hans Pauker, mais tarde diretor do Instituto Leo Baeck de Estudos Judaicos em
Londres, presenciou a queima e relembrou que, à medida que os livros eram jogados
às chamas, faziam-se discursos para dar solenidade à ocasião."Contra a exacerbação
dos impulsos inconscientes baseada na análise destrutiva da psique, pela nobreza da
alma humana, entrego às chamas as obras de Sigmund Freud, declamou um dos
censores antes de queimar os livros de Freud, Steinbeck, Marx, Zola, Hemingway,
Einstein, Proust, H.G.Wells, Thomas Mann, Jack London, Bertold Brecht e centenas
de outros receberam a homenagem de epitáfios semelhantes.

Extraído de Uma História da Leitura

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