DE CHARLES BUKOWSKI (1920-1994)

Arder na água, afogar-se no fogo. O mais importante é saber atravessar o fogo.

15/08/2009

EUCLIDES DA CUNHA - 1866-1909


Arraial do Belo Monte dos Canudos

"Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, quando todos morreram. Eram 4 apenas: um velho, dous homens feitos e uma criança, na
frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica, mas cerramo-la vacilante e sem brilhos".
("Os Sertões")


Caatinga

"O sertanejo é antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista revela o contrário.
É desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. (.) Basta o aparecimento de qualquer incidente transfigura-se. Reponta. Um
titã acobreado, e potente. De força e agilidade extraordinárias. (...) Sua cultura respeita antiquíssimas tradições. Torna-se um retirante, impulso pela seca cíclica, mas retorna sempre ao sertão.
Sua religião, como ele, é mestiça. O catolicismo atrasado se mistura aos candomblés
do índio e do negro e se enche de superstições, crendices e temores medievais, conservados pelo isolamento, desde a colonização. Ele é crédulo, supersticioso e se deixa influenciar por padres, pastores e falsos profetas."

(trechos de "Os Sertões")



Euclides da Cunha, por Raul Pederneiras
Nasceu em Cantagalo(RJ) e faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 15 de agosto de 1909, vítima de um tiro de revólver dado pelo amante de sua esposa Ana de Assis.
Ficou órfão aos 3 anos de idade, ficando sob a tutela de seus tios. Frequentou a Escola Militar, formou-se em engenharia, tendo sido repórter do jornal O Estado de São Paulo. Durante esse período foi enviado ao interior da Bahia para fazer cobertura sobre a Guerra dos Canudos, conflito liderado pelo beato Antonio Conselheiro, entre 1896/1897. Foi a partir dessa reportagem que Euclides da Cunha escreveu o livro "Os Sertões", consagrando-o nacional e internacionalmente, tornando-se um marco na literatura mundial. Já obteve mais de 50 edições em Português, 6 edições em Inglês, além de traduções em dezenas de outras línguas. São de sua autoria também "Contrastes e Confrontos", "Peru versus Bolívia" "À Margem da História" (considerado seu segundo livro mais importante) "Ondas e outros poemas esparsos". Seu livro "Os Sertões" inspirou uma série de obras baseadas no conflito de
Canudos, destacando-se entre elas "A brazilian mystic", de Cunninghane Graham, "Le Magicien du Sertão", do belga Lucien Marshall, "Veredicto em Canudos", do húngaro Sandor Márai, " Guerra do Fim do Mundo", do peruano Mario Vargas Llosa, além do filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", direção de Glauber Rocha.

2 comentários:

  1. É bom (e nosso dever),

    relembrar estas figuras do passado.

    Os meus cumprimentos

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  2. Viva Antônio Conselheiro, viva o sertanejo nordestino, viva o mandacaru o cacto, viva o bode, o chão, os pés sobre o chão, viva sim!
    Aqui não por idealismo só mas por ter convivido com nordestinos (marido e família grande como haveria de ser).
    Aprendi muito.

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