"Le mal du pays" - René Magritte
Como uma mãe sustentada por galhos fluviais
de espanto e de luz de origem
Como um cavalo esquelético,
radiante de luz crepuscular
Atrás a ramagem densa de árvores
e árvores de angústia
Cheio de sol o caminho de estrelas marinhas
o estoque fulgurante de dados perdidos
na noite cabal do passado
Como um ofegar eterno se sai à noite
Ao vento tranquilo passam os javalis,
as hienas fartas de rapina
Rompido ao largo o espetáculo mostra
faces sangrentas de eclipse lunar
O corpo em labareda oscila pelo tempo
sem espaço cambiante pois o eterno
é o imóvel e todas as pedras arrojadas
ao vendaval aos quatro pontos cardeais
voltam como pássaros solitários
devorando lagoas de anos derruídos
Insondáveis teias de aranha de tempo
caído e lenhoso
Vacuidades enferrujadas no silêncio piramidal
Morticínio pestanejante esplendor
para dizer-me que ainda vivo
respondendo por cada poro de meu corpo
ao poderio de teu nome, oh poesia !
César Moro, pseudônimo de Alfredo Quispez Asin, poeta e pintor peruano, nascido em Lima. Participou ao lado de André Breton do movimento surrealista em Paris e é considerado um dos principais representantes do surrealismo hispano-americano (1903-1956)
Surrealista, mesmo!
ResponderExcluirÉ um género que pode levar muito longe,
no que o poeta pretende do leitor
e do que o leitor imagina do autor.
Saudações
Super hiper surrealista. Gostei.
ResponderExcluirGosto desse gênero na música e na literatura.
Você agora esté em pleno vapor heim?
Mas... a pintura deu bem para o poema, elas se completaram.
Beijo
Ps: tenho novidades para vc, a respeito do seu cabeçalho. Quer?