As vozes frias
Anulam toda a chance de existência.
Jogam cartas terríveis
Batem fotografias perigosas
Não temem. Falam. Passam,
Na chacina do raro ostentam sua miséria.
Ninguém veste de verde. Um só
Parece vivo, aberto - e esse dorme.
As aves lentas voam seus presságios
E a brisa morna engendra flores duras
Na secura dos cactos.
Alguém pergunta: "Estamos perto?" E estamos longe
E nem rastro de chuva. E nada pode
Salvar a tarde.
(Só se um milagre, um touro
Surgisse dentre os trilhos para enfrentar a fera
Se algo fértil enorme aqui brotasse
Se liberto quem dorme se acordasse).
Mário Faustino, em O homem e sua hora E outros poemas. - Teresina(PI), 1930-1962
Poetas de todos os cantos, tantos que ainda desconheço. Flores duras me dizem do que já fui, onde desisti. Apesar disso, me sinto escondida por entre os espinhos do cacto. Mário Faustino: como há gente caminhando na contramão do mundo. Que bom que há. E tão pouca gente cuja poesia se estende para além das letras e versos: você.
ResponderExcluirBeijos, Ci. Bom final de semana.
De fato, Tânia, tantos na contramão, tantos sem
ResponderExcluirmãos, sem voz, soterrados entre pedras e cactos
que espinham por sua sobrevivência!
Quem sou eu, quem sou eu?, Tânia!
Bom final de semana pra ti
um beijo
Quando a gente pensa que está chegando, nos ataca um recomeço.
ResponderExcluirVou ter de comprar esse Faustino.
Tenho esse sobrenome entre os meus, sabia?
Dizem as pessoas da minha família que o meu mau temperamento herdei dele.
Nem sei se tenho um mau temperamento.
Mas há quem diga! rsrs
beijoss
Se herdaste algum "temperamento" do Faustino, eu só conheço o poético!!!
Excluirbeijo
Tão bom reencontrar Maria Faustino por aqui, CI.
ResponderExcluirEste já povoou os meus estudos pelas mãos mãos de Judite.
beijo,
faustino foi uma das melhores coisas que a poesia brasileira pariu.
ResponderExcluirsou fã.